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ASSIM FALOU ALLAN KARDEC

(O Espiritismo Independente)

     “Comunicaram-nos por carta que há um projeto para se dar a um periódico o título de Jornal do Espiritismo Independente (...) Vamos tentar por a questão no seu devido lugar.

     Para começar, perguntamos: “- Que é o Espiritismo Independente? De que autoridade incômoda entendem libertar-se os que querem o Espiritismo independente, desde que nem há poder constituído, nem hierarquia, fechando a porta a quem quer que seja, de vez que não temos sobre eles nenhuma jurisdição e que se lhes agrada afastar-se de nossa rota ninguém poderá constrangê-lo a aí entrar? Algum dia nos fizemos passar por profeta ou messias? Levariam eles a sério os títulos de sumo-sacerdote, de soberano pontífice, mesmo de papa, com que a crítica houve por bem nos gratificar? Não só jamais os tomamos como também os Espíritas jamais no-los deram. – Há ascendente em nossos escritos? O campo lhes está aberto, como a nós, para se conciliar as simpatias do público. Se há pressão, ela não vem de nós, mas da opinião geral que põe o seu veto naquilo que lhe não convém e porque ela própria sofre o ascendente do ensino geral dos Espíritos.

     É, pois, a estes últimos que, em definitivo, se deve atribuir o estado de coisas, e é talvez mesmo  o que faz que não mais os queiram escutar. – Há instruções que nós damos? Mas ninguém é forçado a se submeter a elas.  – Devem lamentar-se de nossa censura? Jamais citamos pessoas, a não ser quando devemos elogiar, e nossas instruções são dadas sob forma geral, como desenvolvimento de nossos princípios, para uso de todos. Se nossas instruções são más, se nossas teorias são falsas, em que isto os pode ofuscar? O ridículo, - e ridículo há – será para nós. Têm eles de tal modo sabidos os interesses do Espiritismo que temem vê-los periclitar em nossas mãos? – Somos muito absoluto em nossas idéias? Somos um cabeça dura com quem nada se pode fazer? Ah! Meu Deus! Cada um tem os seus pequenos defeitos; nós temos o de não pensar ora branco, ora preto; temos uma linha traçada e dela não nos desviamos para agradar a ninguém (grifo nosso). É provável que sejamos assim até o fim.

     É sorte nossa que nos invejem? Onde estão os castelos, as equipagens e os nossos lacaios? É certo que, se tivéssemos a fortuna que nos atribuem, não seria dormindo que ela teria vindo e muita gente amontoa milhões num labor menos rude. – Que fazemos do dinheiro que ganhamos? Como não pedimos contas a ninguém, a ninguém temos que as dar; o que é certo é que não serve para nossos prazeres. Quanto a empregar ou sustentar agentes e espiões, devolvemos a calúnia à sua fonte. Temos que nos ocupar de coisas mais importantes do que saber o que faz este ou aquele. Se fazem bem, não devem temer qualquer investigação; se fazem o mal, é lá com eles. Se há os que ambicionam a nossa posição, é no interesse do Espiritismo, ou no seu próprio interesse? Que a tomem, pois, com todos os seus encargos e provavelmente não acharão que seja uma sinecura tão agradável quanto supõem. Se acham que conduzimos mal o barco, quem os impedia de tomar o leme antes de nós? E quem nos impede ainda hoje? Lamentam-se de nossas intrigas para fazermos partidários? Nós esperamos que venham a nós e não vamos procurar ninguém; nem corremos atrás dos que nos deixam, porque sabemos que não podem entravar a marcha das coisas; sua personalidade se apaga diante do conjunto. Por outro lado, não somos bastante vão para crer que seja por nossa pessoa que se ligam a nós; evidentemente é pela idéia de que somos o representante. É, pois, a esta idéia que reportamos os testemunhos de simpatia que têm a bondade de nos dar.

     Em resumo, o Espiritismo independente seria aos nossos olhos uma insensatez, porque a independência existe de fato e de direito e não há disciplina imposta a ninguém. O campo de exploração está aberto a todos; o juiz supremo do torneio é o público; a palma da vitória é para quem sabe conquistar. Tanto pior para os que caem antes de atingir a meta.

     Falar dessas opiniões divergentes que, em definitivo, se reduzem a algumas individualidades, e em parte alguma formam corpo, não será talvez, - perguntarão algumas pessoas -, ligar a isto muita importância, amedrontar os adeptos, fazendo-os crer em cisões mais profundas do que realmente o são? Não é, também, fornecer armas aos inimigos do Espiritismo?

     É, precisamente, para prevenir esses inconvenientes que disto falamos. Uma explicação clara e categórica, que reduz a questão ao seu justo valor, é bem mais própria a assegurar do que a espantar os adeptos. Eles sabem a que se ater e aí encontram argumentos para a réplica...”  (Extraído da Revista Espírita de abril de 1866)

NOSSO COMENTÁRIO

     Como Kardec, nós também temos uma linha traçada: conhecer, profundamente, os ensinamentos dados pelos Espíritos Superiores ao Missionário lionês. Dela não pretendemos nos desviar para agradar a ninguém, muito menos aos diretores da auto-denominada “Casa Mater”. Eles dirigem o Movimento Espírita Brasileiro, mas  se desviaram do caminho certo e há mais de cem anos vêm seguindo a linha traçada pelos Espíritos mistificadores que ditaram a obra apócrifa intitulada “Os Quatro Evangelhos” de J. B. Roustaing.