(Dialogando com os Espíritos Superiores sobre: pactos,
poder oculto, talismãs, feiticeiros)
Pergunta: - Há alguma coisa de verdadeiro nos pactos?
Resposta: - Não, não há pactos, mas uma natureza má simpatiza com Espíritos maus. Por exemplo: queres atormentar o teu vizinho e não sabes como fazê-lo; chamas então os Espíritos inferiores, que, como tu, só querem o mal, e, para te ajudar querem que também os sirvas nos seus maus desígnios. Mas, daí não se segue que o teu vizinho não possa se livrar deles, por uma conjuração contrária ou pela sua própria vontade. Aquele que deseja cometer uma ação má, pelo simples fato de o querer, chama em seu auxílio os maus Espíritos, ficando obrigado a servi-los como eles o auxiliam, pois eles também necessitam dele para o mal que desejam fazer. É somente nisso que consiste o pacto.
“A dependência em que o homem se encontra, algumas vezes, dos Espíritos inferiores, provém de sua entrega aos maus pensamentos que eles lhe sugerem, e não de qualquer espécie de estipulações feitas entre eles. O pacto, no sentido comum atribuído a essa palavra, é uma alegoria que figura uma natureza má simpatizando com Espíritos malfazejos”. (Comentário de Kardec)
Pergunta: - Qual o sentido das lendas fantásticas, segundo as quais certos indivíduos teriam vendido sua alma a Satanás em troca de favores?
Resposta: - Todas as fábulas encerram um ensinamento e um sentido moral, e o vosso erro é tomá-las ao pé da letra. Essa é uma alegoria que se pode explicar assim: aquele que chama em seu auxílio os Espíritos, para deles obter os dons da fortuna ou qualquer outro favor, rebela-se contra a Providência, renuncia à missão que recebeu e às provas que deve sofrer neste mundo e sofrerá as conseqüências disso na vida futura. Isso não quer dizer que sua alma esteja para sempre condenada ao sofrimento. Mas, porque em vez de se desligar da matéria, ele se afunda cada vez mais, o gozo que preferiu na Terra não o terá no mundo dos Espíritos até que resgate a sua falta através de novas provas, talvez maiores e mais penosas. Por seu amor aos gozos materiais, coloca-se na dependência dos Espíritos impuros; estabelece-se entre eles um pacto tácito, que o conduz à perdição, mas que sempre lhe será fácil romper com a assistência dos bons Espíritos, desde que o queira com firmeza. (Livro dos Espíritos, cap. IX, questão XI ns. 549 e 550).
Pergunta: - Um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe for devotado, pode fazer o mal ao seu próximo?
Resposta: - Não, Deus não o permitiria.
Pergunta: - Que pensar da crença do poder de enfeitiçar, que certas pessoas teriam?
Resposta: - Algumas pessoas têm um poder magnético muito grande, do qual podem fazer mau uso, se o seu próprio Espírito for mau. Mas não acrediteis nesse pretenso poder mágico que só existe na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam são fatos naturais mal observados e sobretudo mal compreendidos.
Pergunta: - Qual pode ser o efeito de fórmulas e práticas com as quais pessoas pretendem dispor da vontade dos Espíritos?
Resposta: - O de as tornar ridículas, se são de boa-fé; no caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são charlatanice; não é palavra sacramental, nenhum signo cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque eles são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.
Pergunta: - Certos Espíritos não ditaram, algumas vezes, fórmulas cabalísticas?
Resposta: - Sim, tendes Espíritos que vos indicam signos, palavras bizarras, ou que vos prescrevem certos atos, com a ajuda dos quais fazeis aquilo que chamais conjuração. Mas ficai bem seguros de que são Espíritos que zombam de vós e abusam de vossa credulidade.
Pergunta: - Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um talismã, não pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito? Por que então é o pensamento que age? O talismã é um signo que ajuda a dirigir o pensamento?
Resposta – Isso é verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de idéias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zombeteiros.
Pergunta: - Que sentido se deve dar ao qualificativo de feiticeiro?
Resposta: - Esses a que chamais feiticeiros são pessoas, quando de boa-fé, que possuem certas faculdades, como o poder magnético ou a dupla vista. Como fazem coisas que não compreendeis, as julgais dotadas de poder sobrenatural...
“O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula”. (Comentário de Kardec).
Pergunta: - Certas pessoas têm realmente o poder de curar por simples contato?
Resposta: - O poder magnético pode chegar até isso, quando é secundado pela pureza de sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons Espíritos auxiliam. Mas é necessário desconfiar da maneira por que as coisas são contadas, por pessoas muito crédulas ou muito entusiastas, sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e mais naturais. É necessário também desconfiar dos relatos interesseiros, por parte de pessoas que exploram a credulidade em proveito próprio. (O Livro dos Espíritos, cap. IX, questão XI, ns. 551, 552, 553, 553-a, 554, 555 e 556 )
NOTA: - Certa vez ouvi um desses fanáticos, que aparecem na televisão, chutando a imagem de Maria, Mãe de Jesus e afirmando que Allan Kardec havia se suicidado, dizer a um pequeno grupo de pessoas: “ - Vejam só, meus irmãos, os espíritas acreditam que Deus é tão poderoso que não permitiria jamais que um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito, possa fazer o mal ao seu próximo. Como é que não pode, se o que mais se vê e se ouve a toda hora aqui no Brasil, são notícias de fatos estarrecedores, de grande violência contra a pessoa humana: mães que jogam seus filhinhos recém nascidos nas latas de lixo; pais e padrastos que estupram meninas; filhos que matam os pais e vice versa; são políticos corruptos que roubam e matam protegidos pela impunidade; é um Poder Judiciário moroso, que custa a fazer justiça e, muitas vezes o que pratica mesmo é a injustiça; é o movimento dos sem-terra e dos sem-teto, invadindo propriedades alheias, incentivados quase sempre por políticos influentes e grandes empresários... e muitas coisas mais”. E, voltando-se indignado, para as pessoas que o escutavam, concordando com o que era dito por ele, perguntou, várias vezes: “ - Onde está esse Deus, que, lá de cima, vê tudo e não faz nada para impedir que tudo isso aconteça ?! Onde está?!...”
Em certo momento, não me contive e tomei a palavra, dando uma explicação lógica, baseada nas obras da Codificação de Allan Kardec. Expliquei como nós, espíritas, vemos Deus e de que maneira podemos provar a sua existência. Falei também exaustivamente dos atributos da Divindade e discorri sobre as Leis Morais que temos que cumprir, dando ênfase à lei de causa e efeito e ao livre arbítrio que Deus nos concedeu, deixando bem claro que nós é que somos responsáveis pelos nossos atos e temos que assumir sempre a responsabilidade de tudo que fazemos por nossa própria vontade.
E você, leitor amigo, que acha? Qual é a sua opinião? Escreva-nos, por favor.