(Sobre a Ciência Espírita)
“O Espiritismo se encontra por toda a parte desde a antiguidade e em todas as épocas da História da Humanidade. Em tudo encontramos os seus traços, tanto nos escritos, como nas crenças e nos monumentos...” (O E.S.E.)
“Foi em 1854 que, pela primeira vez, ouvi falar das mesas girantes (...) Foi também em casa da Sra. Plainemaison, que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma sesta. Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que, necessariamente, decorria de uma causa. Eu entrevia naquelas aparentes futilidades, do passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que resolvi estudar profundamente.
“Além das reuniões em casa da Sra. Plainemaison, passei a freqüentar também as que se realizavam na residência do Sr. Baudin, cujas filhas, Caroline e Julie eram médiuns e na do Sr. Japhet, cuja filha, Ruth Celine também era médium.
“Eram bastante numerosas essas reuniões (... ) Aí tive oportunidade de ver comunicações contínuas e respostas a perguntas formuladas (...) que acusavam, de modo evidente, a intervenção de uma inteligência estranha...
“Foi nessas reuniões que comecei os meus estudos sérios de Espiritismo (...) Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental; nunca elaborei teorias preconcebidas; observava cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências; dos efeitos procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma explicação senão quando resolvia todas as dificuldades da questão. Foi assim que procedi sempre, desde os meus 15 a 16 anos de idade (...) Percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e controvertido, do passado e do futuro da Humanidade (...) Era, em suma, toda uma revolução nas idéias e nas crenças. Fazia-se mister, portanto, andar com a maior seriedade e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir...
“... Para mim, os Espíritos, nada mais sendo do que as almas dos homens, não eram infalíveis e sim meios, instrumentos de me informar tudo sobre o mundo invisível: seus habitantes, seus costumes, seu grau de evolução... e não reveladores predestinados...
“Comecei então a questioná-los, levando para a sessão uma série de perguntas, antecipadamente preparadas e metodicamente dispostas.
“As respostas dadas eram submetidas aos Espíritos com o auxílio de diferentes médiuns. Eu fazia questão disto. Mais de dez médiuns prestaram sua valiosa colaboração. E assim, da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas, e, muitas vezes, remodeladas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, que publiquei em 18 de abril de 1857, com o pseudônimo de Allan Kardec”. (Obras Póstumas)
NOSSO COMENTÁRIO
Há duas formas de conhecimento: o empírico, vulgar, que passa de geração a geração, através de mitos, provérbios, estórias e o conhecimento científico que exige observação constante, experimentação, comprovação de fatos e fenômenos, pesquisa, espírito crítico.
No parágrafo primeiro do trecho acima, Kardec se refere ao conhecimento empírico dos Espíritos, que, na linguagem popular, se traduzia por: fantasmas, almas dos mortos, aparições do demônio, obra de satanás, que se apresentavam às pitonisas, aos oráculos.
Nos parágrafos seguintes, o Mestre lionês se refere ao conhecimento científico do Espiritismo. E ele chegou à conclusão de que se tratava de uma “Ciência nova”, após ter observado, cientificamente, os chamados “fenômenos das mesas girantes e falantes”.
Daí ter definido o Espiritismo como uma “ciência prática, que consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos”. E, para que não pairasse nenhuma dúvida, acrescentou: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos e de suas relações com o mundo corporal”. (“O Que é O Espiritismo”)
Foi, portanto, em 1855, que, graças à observação e ao conhecimento científico dos fatos e aos diálogos com os “Invisíveis”que surgiu a Ciência Espírita. E isto Kardec deixou bem claro em suas obras “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, de 1857, “O QUE É O ESPIRITISMO”, de 1859 “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, de 1861 e “A GÊNESE”, de 1868.
E foi em “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, que, segundo Kardec, é um “GUIA DOS MÉDIUNS E DOS EVOCADORES” que o Mestre lionês, no cap. XXV (nº 269) deixou bem claro que considerava “um erro” não se evocar os Espíritos, já que se trata de um método científico de pesquisa.
Entretanto, o Chico Xavier, que teimam em afirmar que foi a reencarnação de Kardec, seguindo o conselho de Emmanuel, seu guia espiritual, que não aconselhava a evocação em hipótese nenhuma, deixou também muito claro que não devemos usar esse instrumento científico de pesquisa porque “o telefone só toca de lá para cá”, o que, a meu ver, constitui, doutrinariamente falando, um grande absurdo.
Aliás, já que Allan Kardec definiu o Espiritismo como uma nova ciência, perguntamos: - que comportamento científico teve o médium de Pedro Leopoldo?! Nenhum, ele se limitava a psicografar o que os Espíritos da falange de Emmanuel ditavam, sem nenhum exame crítico sério de tudo que recebia. E o exemplo mais evidente está no livro “BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO” que foi aceito pela FEB roustainguista e por seu Conselho Federativo Nacional, como de leitura e estudo obrigatórios.