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ASSIM FALOU ALLAN KARDEC

   (Sobre “Os Quatro Evangelhos”)

 

            “Dissemos que o livro do sr. Roustaing não se afasta dos princípios do “Livro dos Espíritos” e do “Livro dos Médiuns”. Nossas observações são feitas  sobre a aplicação desses mesmos princípios à interpretação de certos fatos. É assim, por exemplo, que dá ao Cristo, em vez de um corpo carnal, um corpo fluídico concretizado, com todas as aparências da materialidade e de fato um agênere. Aos olhos  dos homens que não tivessem então podido compreender sua natureza espiritual, deve ter passado em aparência, expressão incessantemente repetida no curso de toda a obra, para todas as vicissitudes da humanidade. Assim seria explicado o mistério do seu nascimento. Maria teria tido apenas as aparências da gravidez. Posto como premissa e pedra angular, este ponto é a base em que se apóia para a explicação de todos os fatos extraordinários ou miraculosos da vida de Jesus.

“Nisso nada há de materialmente impossível para quem quer que conheça as propriedades do envoltório perispiritual. Sem nos pronunciarmos pró ou contra essa teoria, diremos que ela é pelo menos hipotética.e que, se um dia fosse reconhecida errada, em falta de base, todo o edifício desabaria. Esperamos, pois, os numerosos comentários que ela não deixará de provocar da parte dos Espíritos e que contribuirão para elucidar a questão. Sem prejulgar, diremos que já foram feitas objeções sérias a essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem, perfeitamente ser explicados sem se sair das condições da humanidade corporal”.(Revista Espírita, junho de 1866 – Lançamento EDICEL – págs. 189 e 190).

“A estada de Jesus na Terra”, prossegue Kardec, “apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passou, no que respeita à sua mãe, como nas condições normais da vida humana. Do nascimento até sua morte tudo (...) revela nele  os caracteres inequívocos da corporeidade (...) Se as condições de Jesus, durante sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim tenha sido, é o mesmo que tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos que ele próprio escolheu, como exemplo de resignação para os homens. Se tudo nele fosse aparente (...) tudo, até o último brado, no momento de entregar o Espírito a Deus não teria passado de um vão simulacro para enganar seus semelhantes com relação à sua natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, o que seria uma comédia indigna de um homem comum simplesmente honesto quanto mais de um ser humano tão superior como era ele. Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e das gerações posteriores (...) Jesus teve, pois, como todo homem comum, um corpo carnal e um corpo fluídico, (Grifo nosso) o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos de que sua vida na Terra esteve repleta.

“Aliás, não é nova essa idéia sobre a natureza do corpo de Jesus. Já no quarto século, após sua morte, Apolinário de Laodicéia, chefe de uma seita que ficou conhecida como apolinaristas defendia a idéia de que Jesus não tinha um corpo como o nosso, mas, sim, um corpo impassível, ou seja, um corpo que desceu do céu no seio da Santa Virgem, mas não nascido dela. Desta forma, Jesus não nasceu, não viveu, não sofreu, não morreu senão em aparência.

“Os apolinaristas foram anatematizados, ou seja, considerados heréticos nos Concílios de Alexandria, de Roma e de Constantinopla, realizados no século quarto (360, 374 e 38l).

            ‘Tinham a mesma crença os “Docetas”, seita numerosa que fazia parte dos Gnósticos, que subsistiu durante os três primeiros séculos da Era Cristã...”(Allan Kardec, em “A GÊNESE” cap. XV, números 65, 66 e 67)