ASSIM FALOU ALLAN
KARDEC
Diz ele:
"Os fenômenos espíritas, longe de abonarem os falsos Cristos e os falsos profetas, como pensam algumas pessoas, desferem neles golpe mortal. Não peçais ao Espiritismo prodígios nem milagres, porquanto ele, formalmente, declara que não os opera. Do mesmo modo que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia revelaram as leis do mundo material, o Espiritismo revela outras leis desconhecidas, as que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, leis que, tanto quanto aquelas outras da Ciência, são também leis da Natureza. Facultando a explicação de certa ordem de fenômenos incompreendidos até o presente, ele destrói o que ainda restava do domínio do maravilhoso. Quem, portanto, se sentisse tentado a lhe explorar em proveito próprio os fenômenos, fazendo-se passar por messias de Deus, não conseguiria abusar por muito tempo da credulidade alheia e seria logo desmascarado. Aliás, como já se tem dito, tais fenômenos, por si sós, nada provam; a missão se prova por efeitos morais, o que não é dado a qualquer um produzir. Esse um dos resultados do desenvolvimento da ciência espírita; pesquisando a causa de certos fenômenos, de sobre muitos mistérios levante ela o véu. Só os que preferem a obscuridade à luz, têm interesse em combatê-la; mas, a verdade é como o sol; dissipa os mais densos nevoeiros.
"O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados, para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas idéias. Antes que se conhecessem as relações mediúnica, eles atuavam de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, audiente ou falante. É considerável o número dos que, em diversas épocas, mas, sobretudo, nestes últimos tempos, se hão apresentado como alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, sua mãe, e até como Deus. São João adverte contra eles os homens, dizendo: " Meus amados, não acrediteis em todo Espírito, mas, experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo"
(Jo. Epíst. L, cap. IV, v. 1).
"O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais. É à maneira de se distinguirem dos maus os bons Espíritos, que, principalmente, podem aplicar-se estas palavras de Jesus: " É pelo fruto que se reconhece a qualidade da árvore; uma árvore boa não pode produzir maus frutos, assim como uma árvore má não pode produzir bons frutos". Assim também, julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos".
Em nota de rodapé, Allan Kardec nos remete para o cap. XXIV e seguintes de "O Livro dos Médiuns", parte 2ª que nos mostram como podem ser distinguidos os Espíritos.
NOSSO COMENTÁRIO
Logo no início de seu pronunciamento, Allan Kardec deixou bem claro que o Espiritismo é uma Ciência que trata dos fenômenos espirituais, da mesma forma que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia, são também ciências, que tratam dos fenômenos materiais. Mas tanto estes como aqueles são explicados por leis da Natureza. Não há nada de maravilhoso, de milagroso, de sobrenatural nos fenômenos espíritas. Ninguém pode explorá-los em proveito próprio, fazendo-se passar por messias, por representantes de Deus ou pelo próprio Deus, para enganar os ingênuos, os simples, os ignorantes. Não passam de farsantes os que agem assim. Fácil é desmascará-los.
Mas Kardec lembra bem que não são somente os homens, isto é, os Espíritos encarnados, que costumam se passar por falsos Cristos e falsos Profetas. São também os desencarnados, seres enganadores, hipócritas, pseudo-sábios, que se aproveitam da credulidade, da boa fé, para tirar proveito.
Podemos e devemos citar como exemplo, esses Espíritos mistificadores que ditaram "Os Quatro Evangelhos", mensagens psicografadas pela médium Emilie Collignon de que se aproveitou Roustaing para se projetar e se igualar ao Codificador.
É preciso desmascará-los. É o que têm feito os verdadeiros espíritas: Herculano Pires, Luciano Costa, Henrique Andrade, Júlio Abreu Filho, Ricardo Machado, Gélio Lacerda da Silva e muitos outros já desencarnados. É isto também que têm feito muitos confrades ilustres, ainda no plano físico.