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ASSIM FALOU ALLAN KARDEC

     (Sobre uma parábola de Jesus)

 

                “Foi mesmo Jesus, a personificação da doçura e da bondade, ele que não cessava de pregar o amor do próximo, quem disse estas palavras: ‘- Não julgueis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer-lhe a paz, mas a espada...’, como foi transcrito no Evangelho de Mateus, cap. X, 34 – 36?. Essas palavras não estão em flagrante contradição com seu ensino? Não é uma blasfêmia atribuir-lhe a linguagem de um conquistador sanguinário e devastador?

Não, não há blasfêmia nem contradição nessas palavras, porque foi ele mesmo quem as pronunciou e elas atestam a sua elevada sabedoria. Somente a forma, um tanto equívoca, não exprime exatamente o seu pensamento, o que provocou alguns enganos quanto ao seu verdadeiro sentido.

            Tomadas ao pé da letra, elas tenderiam a transformar sua missão, inteiramente pacífica, numa missão de turbulências e discórdias, conseqüência absurda que o bom senso rejeita, pois Jesus não poderia contradizer-se.

            Toda idéia nova encontra forçosamente oposição e não houve uma única que se implantasse sem lutas. A resistência, nesses casos, está sempre na razão da importância dos resultados previstos, pois quanto maior ela for, maior será o número de interesses ameaçados (...) Se for uma idéia notoriamente falsa, considerada sem conseqüências, ninguém se perturba com ela e a deixam passar, confiantes na sua falta de vitalidade. Mas, se é verdadeira, se está assentada em bases sólidas, se é possível entrever-lhe o futuro, um secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que se trata de um perigo para eles, para a ordem das coisas por cuja manutenção se interessam. E é por isso que se lançam contra ela e os seus adeptos...”

       (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, cap. XXIII, números 11 e 12)

                Na verdade, tanto os bispos e cardeais da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, quanto os adeptos de João Batista Roustaing, com a Federação Espírita Brasileira à frente, apresentam Jesus como um animalzinho brando, pacífico, ou seja, o Cordeiro de Deus. Assim também pensam  os seguidores fanáticos de Emmanuel (Espírito do padre jesuíta Manoel da Nóbrega), Guia Espiritual e Protetor do Chico Xavier.

            Na verdade, porém, Jesus, interpelado por Pilatos, deixou bem claro que não reencarnou na terra para mandar, ser rei dos judeus, nem para impor seu domínio aos povos vizinhos da Palestina. Falou bem alto que não veio para viver em palácios suntuosos e sentar-se em trono de ouro, protegido o tempo todo por milicianos muito bem pagos e preparados para manterem sua segurança, pois seu reino não era desse mundo.

 Não, Jesus, homem de carne e osso como todos nós, nasceu numa manjedoura e não em casa de luxo. Vivia e andava pelas ruas da cidade, simplesmente, de sandálias e  o corpo coberto apenas por uma túnica branca.   Era acompanhado pelos doze Apóstolos que escolheu entre pessoas simples e humildes da Galiléia. Vivia assim, pregando a palavra de Deus, ou seja, a Verdade e a Paz. o Perdão e o Amor.

Mas, é certo também que, em suas pregações, ele combateu sempre os ricos e poderosos. Lemos em Mateus, (cap. 23), em Marcos (cap. 12) e em Lucas (cap. 20), que Jesus criticou, abertamente, os escribas e fariseus hipócritas, que eram os  donos do poder na Palestina. Entretanto, depois de sua morte, em conseqüência da conversão de Constantino ao Cristianismo, os Papas, juntamente com os Césares, passaram a governar o Império Romano. Apoiados  nas decisões dos Concílios, criaram a Congregação do Index e a Santa Inquisição mandando os hereges para a fogueira, como fizeram com Joana d’Arc, João Huss e muitos outros.

Levaram, portanto, ao pé da letra, as palavras de Jesus, que, na verdade, veio  mesmo foi para pregar a paz, o perdão e o amor ao próximo e não a guerra e a condenação à morte.