No Brasil, popularmente conhecido no meio espírita como a Pátria do Evangelho, abençoada e protegida pelo Cordeiro de Deus, a festa mais popular, que todos os anos se repete, atraindo milhares de turistas e engordando os cofres públicos com muitos dólares e euros, é, sem dúvida nenhuma, o carnaval.
De acordo com os dicionários, essa tradição surgiu na Idade Média, em que no mundo cristão, constituía um período de festas profanas, que começava no dia de Reis (Epifania) e se estendia até a Quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. Consistia em festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos e costumes pagãos, como as festas dionisíacas, as saturnais, as lupercais, e se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da censura, pela liberdade de atitudes críticas e eróticas.
Aqui, na Terra de Santa Cruz, iluminada pelo Cruzeiro do Sul, essa festa pagã tinha que se tornar também religiosa. Como nos informam os órgãos da imprensa, a Escola Beija-flor de Nilópolis, inclusive, resolveu inovar este ano, apresentando um pai-de-santo, conhecido na Baixada como Príncipe do Candomblé, fantasiado de sumo-pontífice, representando o Papa Paulo III, que autorizou o aparecimento da Companhia de Jesus, à qual pertencia o Padre Nóbrega (Emmanuel)..
Ao mesmo tempo, com a devida autorização da Arquidiocese, desfilou também na Marquês de Sapucaí, o Cristo com a pesada cruz nos ombros, com o corpo coberto de sangue, sendo visto açoitado pelos centuriões romanos, passando sob os aplausos da multidão cristã de hoje. A seu lado, aparecia também a Virgem Maria, a Santa Mãe de Deus.
E o mais interessante é que a multidão, que lotava as arquibancadas, não só aplaudia, efusivamente, o Papa, o Cristo ensangüentado e a Mãe Santíssima, como também as mulheres, componentes das Escolas de Samba, que se apresentavam nuas, ou seminuas, com seios carnudos ou siliconizados bem à mostra, com seus bumbuns bem nutridos, rebolando, ao som das músicas carnavalescas, com gestos eróticos bem pronunciados, numa ânsia incontida de atrair os olhos e a atenção dos homens e dos jurados. O objetivo de todos estava em alcançar uma boa classificação, não ver sua escola rebaixada para o segundo plano, mas, ao contrário, ter a imensa alegria e satisfação de voltar de novo à Avenida, no sábado seguinte, para participarem do célebre e já consagrado “Desfile das Campeãs”.