RESTRIÇÕES DE KARDEC À OBRA DE ROUSTAING
1º) Roustaing foi precipitado, ao tratar de questões inoportunas. Seguiu um outro caminho que não era aconselhável seguir;
2º) Kardec, embora não tenha desaprovado as teorias expostas por Roustaing, também não as aprovou. Preferiu deixar que o tempo se encarregasse de as sancionar ou desacreditar;
3º) As explicações contidas na obra de Roustaing nada mais eram do que “opiniões pessoais” dos Espíritos que as formularam. Podem ser justas ou falsas, mas precisam da sanção do controle universal. Por isso mesmo, até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da doutrina espírita;
4º) Quanto à teoria do corpo fluídico de Jesus, defendida por Roustaing, Allan Kardec preferiu não se pronunciar nem pró nem contra, deixando bem claro que, na sua opinião, era, pelo menos “hipotética”, ou seja, apenas uma hipótese, que precisava ser confirmada ou não pelos comentários futuros.
Mas Kardec deixou bem claro que, na sua opinião, os fatos apontados por Roustaing, para explicar a teoria do corpo fluídico de Jesus “podem, perfeitamente, ser explicados sem sair das condições da humanidade corporal”;
5º) Kardec deixou bem claro que “essas observações, subordinadas à sanção do futuro, em nada diminuem a importância da obra, que, se por um lado apresenta coisas duvidosas, por outro lado apresenta outras incontestavelmente boas e verdadeiras...”
6º) Fazendo, finalmente, uma observação sobre a “forma” com que se apresenta a obra de Roustaing, Allan Kardec disse que “certas partes são desenvolvidfas muito extensamente. O responsável (Roustaing) deveria se limitar ao “estritamente necessário”, podendo mesmo ser publicada em um volume somente (...) e teria ganho assim em popularidade...”
Aí estão as restrições que Kardec apresentou em relação à obra de Roustaing, em junho de 1866.
7º) Mas, como se não bastassem essas restrições, Allan Kardec, em 1868, lançou seu último livro “A Gênese”, em cujo capítulo XV, nº 2 e 66, Kardec deixou bem claro que Jesus era homem de carne e osso, sujeito, portanto, a todas as necessidades próprias da natureza humana, o que não é, absolutamente, nenhum demérito, para quem vem, como ele veio, para desempenhar na Terra uma grande missão;
8º) Quanto à origem da espécie humana, que Kardec aborda no cap. X. de “A Gênese”, ficou bem claro que “do ponto de vista corporal, puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos e à ordem dos bímanos”, chegando mesmo a admitir, como hipótese, que o homem descende do macaco, de acordo com a Teoria de Darwin, e não de “larvas informes” ou “massa quase inerte, matérias moles e pouco agregadas, que rasteja, ou antes, desliza”, a que Roustaing deu o nome de “criptógamos carnudos”. (“Os Quatro Evangelhos”, vol. I, pág. 313 – 6a edição da FEB).
9º) Para Kardec, Jesus, por ser homem, e, portanto, pertencer à espécie humana, nasceu de parto normal, filho de Maria e José. Para Roustaing, a gravidez de Maria foi obra do Espírito Santo, como também o seu parto. É que, para Roustaing, Jesus era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, como diz a Igreja, e, portanto, também Deus;
10º) Para Kardec a encarnação humana é uma necessidade para o Espirito; já para Roustaing, a encarnação é um castigo imposto por Deus aos Anjos Decaídos (pág. 321).