OUTRO EXEMPLO BEM ILUSTRATIVO
Hoje em dia tornou-se muito comum a idolatria aos médiuns, ou seja, o amor ou paixão exagerada consagrada a certos médiuns. E o caso mais evidente, que serve bem de exemplo ilustrativo ao que Allan Kardec disse no cap. XXIII de “O Livro dos Médiuns”, é o do médium de Uberaba/MG, Carlos A. Baccelli, que, por ter convivido “por mais de 25 anos” com Chico, “não observou diferença entre a sua personalidade e a do Codificador”, o que o levou a publicar pela Livraria Espírita Edições “Pedro e Paulo”, de Uberaba, em abril de 2005, um livro cujo título é justamente este:“CHICO XAVIER A REENCARNAÇÃO DE ALLAN KARDEC”.
Vamos então tecer algumas considerações a respeito do que disse Baccelli em um artigo publicado na revista “Goiás Espírita, ano 7, nº 22 de maio de 2003, que recebemos via e-mail.
Baccelli lembra o que declarou o Espírito de Verdade em junho de 1860: “Não permanecerás por muito tempo na erraticidade entre nós. Terás que voltar à Terra para continuar tua missão”. Fazendo então uma associação de idéias, lembra Baccelli que o Espírito de Kardec, (reencarnando em 02 de abril de 1910, no corpo do Chico), permaneceu mesmo no espaço por pouco tempo, ou seja, de 1869 a 1910, vale dizer: 41 anos. E se tivesse reencarnado em 1890, não teria permanecido menos tempo ainda, ou seja, 21 anos?! Claro que sim!
Por outro lado, ele (Baccelli) lembra que “o próprio Allan Kardec, elaborando cálculos, deduziu que sua volta à Terra se daria no final do séc. XIX ou no começo do outro (séc. XX)”. Neste caso quem reencarnou em 1890 estaria mais dentro da previsão feita pelo Codificador do que quem, como o Chico, nasceu em 1910, não é mesmo?!
Outra coisa, - lembra Baccelli -, o Espirito de Verdade disse a Kardec que, “quando ele retornasse, seria em condições tais que lhe permitiriam trabalhar desde cedo”. E – continua ele em seu raciocínio, “o Chico abraçou a mediunidade aos 17 anos de idade, ou seja, em 1927, quando passou a freqüentar o Centro Espirita “São Luiz Gonzaga” de Pedro Leopoldo/MG. Bem cedo, portanto”. Sim, bem cedo! Temos que convir! Entretanto, quem, tendo nascido em 1890, praticou, como Kardec, o magnetismo animal ou mesmerismo, de 1914 a 1923, e, neste ano de 1923, levado pelos fatos, converteu-se ao Espiritismo, esse não começou também muito cedo sua atividade como missionário da Terceira Revelação?! Claro que sim!...
Muitas outras coisas mais poderíamos acrescentar sobre o que disse esse médium de Uberaba/MG, todavia, não o fazemos por falta de espaço neste boletim.
Quero, pois, encerrar este meu comentário, dizendo o seguinte: (1) Ao contrário do que declarou Baccelli, não sou dos que concordam que o Chico foi “o legítimo continuador de Kardec”, como ele afirma. Não sou mesmo!; (2) Se, como disse Baccelli, o próprio Chico jamais confirmou ter sido a reencarnação de Kardec, por que motivo ele (Baccelli) e muitos outros vivem apregoando isto?! (3) Emmanuel, ao contrário do que afirma Baccelli, não foi um dos espíritos codificadores. Primeiro, porque não aparece na relação de nomes que constam dos “Prolegômenos” de O Livro dos Espíritos. Segundo, porque, a única referência ao nome “Emmanuel” feita por Allan Kardec encontra-se no “Evangelho segundo o Espiritismo” cap. XI, nº 11, ou seja, numa comunicação sobre o egoísmo ditada em Paris, em 1861 por um Espírito que se identificou com esse nome, mas não esclareceu que foi contemporâneo de Jesus ou o padre Manoel da Nóbrega, que viveu no séc. XVI. Portanto, no meu entender, nada prova que o Guia e Mentor Espiritual do Chico foi um dos Espíritos Superiores que fez parte da gloriosa falange dirigida pelo Espirito de Verdade.
E agora, só para terminar, devo dizer que considero uma leviandade muito grande afirmar com tanta convicção que o Chico foi a reencarnação de Kardec, como fez o médium Baccelli, que colocou essa afirmação como título do seu livro, só porque ele “reivindica para si o direito de pensar como pensa”.
Mas, perguntamos: - (1) O Espírito de Allan Kardec foi consultado? Em caso afirmativo: quando e como? (2) Foi ele que deu ao médium, Sr. Baccelli, esse direito, que ele reivindica para si? (3) E a concordância se deu em outros lugares e por outros médiuns?
São perguntas que deixo aqui para reflexão de todos.