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HENRIQUE ANDRADE X FRED. FIGNER

 

                Em princípios dos anos 40 do século passado, a Federação Espírita Brasileira iniciou uma propaganda da nova edição de “Os Quatro Evangelhos” de J. B. Roustaing, provocando uma forte reação no meio espírita nacional. O Sr. Mariano Rango d’Aragona, num opúsculo intitulado “CRISTO, SIMULADOR?”, lançou um verdadeiro libelo contra a FEB. Por sua vez, o General Araripe de Faria, pela “Hora Espírita Radiofônica” do Rio de Janeiro, fundada em 1940 pelo Prof. Leopoldo Machado, que era então seu presidente, lançou ao ar uma série de artigos, combatendo com energia e argumentos indestrutíveis a obra de Roustaing. Mas, Leopoldo Machado, em fins de 1942, deixou a direção desse programa radiofônico espírita, sendo substituído pelo Prof. Ismael Gomes Braga, fanático roustainguista, que entendeu tomar a defesa da FEB e continuar a propaganda da obra de Roustaing, como parte integrante da Terceira Revelação, codificada pelo Missionário de Lyon, o Sr. Allan Kardec.

                É claro que o Sr. Henrique Andrade, expositor ilustre e grande jornalista espírita, que, em seus artigos sempre se posicionou como verdadeiro adepto da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, não poderia se omitir. Escreveu então um artigo intitulado “PROPAGANDA IMPERTINENTE”, que publicou em 27 de fevereiro de 1943 no jornal “MUNDO ESPÍRITA”, do Rio de Janeiro (hoje de Curitiba), que fundara e do qual era responsável.

                Em resposta ao seu artigo, o Sr. Frederico Figner, fanático roustainguista e dirigente da FEB, não concordando com o que disse Henrique Andrade, fez publicar no jornal “VANGUARDA”, edição de março de 1943, uma “Carta Aberta ao Mundo Espírita” por ele assinada. Por sua vez,  Henrique Andrade, levando em consideração a figura respeitável do Sr. Figner, respondeu–lhe de maneira educada, publicando sua carta na edição de “Mundo Espírita”, lançada em 13 de março do mesmo ano.       

          Para Henrique Andrade pareceu estar encerrado o que ele chamou de um “pequeno incidente”. Mas, na verdade ainda não estava. É que Frederico Figner, recorrendo novamente à “Vanguarda”, fez publicar, no dia 18 de março de 1943, um artigo intitulado “Roustaing, complemento de Kardec”

Em certo trecho, Fred. Figner diz: “Certamente se os inimigos de Roustaing passassem os olhos pelo folheto “A personalidade de Jesus”, estudo magistral de Leopoldo Cirne, esta luta inglória  entre irmãos acabaria de uma vez por todas”. E, concluindo, acrescenta: “Os que não aceitam Roustaing como mestre e não o reverenciam são os seus inimigos mais ferrenhos, sem conhecer a obra Os Quatro Evangelhos.

Henrique Andrade viu nas últimas palavras de Fred. Figner, um desafio. Disse ele então: “Estava lançada a luva. Respeitosamente a levantei, aceitando assim o convite para discutir o assunto”.

NOSSO COMENTÁRIO

Foi assim que começou a grande polêmica travada entre Frederico Figner, através de “Vanguarda” e Henrique Andrade, através de “Mundo Espírita”. Foram ao todo 120 artigos, que Henrique Andrade depois  publicou por conta próprio, reunindo-os num livro intitulado “A BEM DA VERDADE”, que ficou na primeira edição. Nenhuma editora espírita se interessou em lançar e divulgar  a segunda e outras que viriam posteriormente. É lamentável! Mas, - que fazer?! - já que no Brasil, “Pátria do Evangelho” dominada pelos jesuítas do Padre Manuel da Nóbrega (Emmanuel), funciona uma nova Congregação do Index, a serviço do Vaticano espírita que existe em Brasília, embora muitos ainda não se tenham dado conta disso!...    

Faço questão de lembrar aos prezados leitores que meu querido e saudoso pai, Severino de Freitas Prestes Filho, (que toda a comunidade espírita já sabe quem foi na sua última encarnação de 1890 a 1979), conhecia pessoalmente o Prof. Henrique Andrade, pelo qual tinha grande respeito e admiração.  Era assinante e assíduo leitor de “Mundo Espírita”, fundado em 4 de abril de 1932 e funcionando na Rua do Ouvidor nº 15, segundo andar, onde meu pai, quando Oficial na ativa, sempre comparecia, em suas passagens pela guarnição do Rio de Janeiro, e, a partir de 1942, quando se reformou, ali ia com mais freqüência. Trocava então idéias sobre o andamento do movimento espírita e sobre a chamada “questão Roustaing”. Teve assim oportunidade de dizer pessoalmente a Henrique Andrade e seus distintos auxiliares, Comandante João Torres, Professor Souza Moraes e Empresário-gráfico Benedito de Souza, que concordava, inteiramente, com a linha adotada pela direção de “Mundo Espirita” em defesa dos postulados contidos nas obras da Codificação Espírita e em crítica aos absurdos doutrinários existentes em “Os Quatro Evangelhos” de J. B. Roustaing, defendidos pela FEB com o aval de Emmanuel, Chico Xavier e todas as Federativas estaduais.