ofplogo.gif (4994 bytes)CARACTERES DO VERDADEIRO PROFETA


No cap. XXI, nº 9 de "O Evangelho s/o Espiritismo", Allan Kardec transcreveu uma comunicação do Espírito de Erasto, Discípulo de São Paulo, que diz o seguinte:

"Desconfiai dos falsos profetas. É útil em todos os tempos, essa recomendação, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora a transformação da Humanidade, porque então uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar.

"Perguntareis, sem dúvida: - Como reconhecê-los ? ". Aqui tendes o que os assinala:

"Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército. Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance, moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.

"Isto posto, havereis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra conseqüênncia: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.

"Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os ispira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de sí, fala com altivez, e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe dêem crédito.

"Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, têm encontrado pessoas assaz crédulas que lhes crêem nas torpezas. Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante para abrir os olhos do mais cego dos homens, a de que, se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis. Possuem todas as suas virtudes os que se dão como sendo o Cristo?! Essa é a questão. Observai-os, perscrutai-lhes as idéias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo: a caridade e a humildade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho.

" Notai, ao demais que, neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como também há muitos pretensos Elias, muitos S. João ou S. Pedro e que não é absolutamente possível sejam todos verdadeiros. Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.

"Desconfiai, pois,dos falsos profetas, maximé numa época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos". Erasto

NOSSO COMENTÁRIO

Esta comunicação de Erasto foi ditada em Paris em 1862. E é claro que, embora não apareça, explícito, o nome do destinatário, ela foi endereçada a J.B. Roustaing, aquele vaidoso advogado de Bordéus, que, segundo declaração mentirosa do Espírito de Humberto de Campos, foi "auxiliar de Allan Kardec, encarregado de organizar o trabalho da fé". Senão, vejamos.

Diz Roustaing, logo no início do Prefácio de "Os Quatro Evangelhos": "- Em janeiro de 1861, completamente restabelecido de uma doença grave (...) senti a necessidade de uma revelação nova, de uma revelaçao da Revelação" E começou a trabalhar em casa, lançando mão da psicografia de um médium, pelo qual recebeu mensagens de João Batista, de Pedro e outros Espíritos. Mas, - é bom ressaltar – não teve a preocupação de mostrar a Kardec essas comunicações, o que poderia ter feito, já que o Codificador, em outubro desse mesmo ano, esteve em Bordéus, onde foi muito homenageado pela comunidade espírita local.

Em dezembro desse mesme ano de 1861, diz Roustaing: "... foi-me sugerido ir à casa de Mme. Collignon (...) e a instâncias minhas, ela condescendeu em entrar em estado de transe e recebeu uma mensagem assinada pelos Espíritos dos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos que vieram incitar-me a empreender a explicação dos Evangelhos a que eu poderia dar o nome de Revelação da Revelação."

Portanto, em 1862, quando o luminoso Espírito de Erasto, ditou aquele verdadeiro alerta contra os falsos profetas encarnados, J. B. Roustaing já estava a serviço dos Espíritos que ditaram as mensagens contidas na obra "Os Quatro Evangelhos", que, em maio de 1865 já estava pronta, tendo sido publicada no ano seguinte.

E tudo foi feito à revelia de Allan Kardec, que só tomou conhecimento do texto, em junho de 1866, quando recebeu de Roustaing um exemplar dessa obra apócrifa já publicada. E nessa obra, Roustaing, promete a vinda de um tal Espírito Regenerador. (Podem conferir. Está no volume III)

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