CRITICA A UM ARTIGO DE NOSSA AUTORIA
Em nosso boletim O FRANCO PALADINO de dezembro de 2006, transcrevemos um longo artigo intitulado TRISTE EPISÓDIO OCORRIDO EM 1953, referindo-nos à polêmica motivada pela declaração do então Presidente da FEB, Sr. Wantuil de Freitas, que, usando o microfone da Rádio Clube do Brasil, no programa “Hora Espiritualista João Pinto de Souza”, dirigido por Geraldo de Aquino, declarou que a “Umbanda É Espiritismo, mas não Doutrina Espírita” e que “todo umbandista é espírita”. E, - o que é pior! -, criou a expressão “Espiritismo de Umbanda”.
Em nosso comentário, nos posicionamos ao lado de José Herculano Pires, que dirigia então o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo e criticou duramente isso que foi dito por Wantuil.
Não vamos focalizar novamente tudo que dissemos antes. Quem quiser conhecer detalhes do que aconteceu em 1953, deve recorrer ao livro “J. Herculano Pires, o Apóstolo de Kardec”, de autoria de Jorge Rizzini, lançado pela Editora PAIDÉIA.
A propósito do que dissemos, fomos criticado por um confrade que nos mandou um e-mail, focalizando o livro “O QUE É O ESPIRITISMO” de Allan Kardec, lançado em 1859, no qual o Mestre diz: “ – O verdadeiro caráter do Espiritismo é o de uma ciência e não de uma religião e a prova disso é que conta entre seus adeptos homens de todas as crenças, que não renunciaram por isso às suas convicções: católicos, protestantes, israelitas, muçulmanos e até budistas e brâmanes (...). Pode-se, pois, ser católico, grego ou romano, protestante, judeu ou muçulmano e crer nas manifestações dos Espíritos, e, por conseqüência, ser espírita; a prova é que o Espiritismo tem adeptos em todas as seitas”.
Concluindo sua crítica ao nosso artigo, diz esse nosso confrade: “- É claro que Kardec não poderia ter incluído a Umbanda nesse rol de religiões, pois esta surgiu no Brasil apenas no ínício do séc. XX”.
Sim, é claro que não poderia, e, neste ponto, concordamos com nosso crítico. E tem mais, corroborando com o que ele afirmou, nós acrescentamos “ – É claro também que Kardec não poderia ter incluído o Roustainguismo, estudado, defendido e divulgado pela Federação Espirita Brasileira, nesse rol de religiões, pois este só apareceu em meados de 1866, com a publicação da obra “OS QUATRO EVANGELHOS” OU “REVELAÇÃO DA REVELAÇÃO” de João Batista Roustaing, portanto, seis anos depois do aparecimento de “O QUE É O ESPIRITISMO”.
E é mais do que sabido que o roustainguista se diz também kardecista, e só por isso tem o direito exclusivo de presidir a Federação Espírita Brasileira. É um verdadeiro privilégio imposto pelo Poder Central.
Sendo, portanto, o Espiritismo uma ciência, como o definiu Kardec, qualquer pessoa, seja de que seita ou religião for, pode se declarar um cientista espírita, mas não um cientista umbandista , porque nunca houve, não há, nem haverá jamais um “Espiritismo de Umbanda”, como disse Wantuil de Freitas.
Nosso querido Mestre e Missionário de Lyon, Sr. Allan Kardec, escreveu em “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, cap. III da primeira parte: “Os que desejem tudo conhecer de uma ciência devem, necessariamente, ler tudo que se ache escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, tanto as críticas quanto as apologias. Devem, inteirar-se dos diferentes sistemas, a fim de poderem julgar por comparação” (pág. 36 – Tradução do original, lançado pela Editora Dervy-Livres – Ano de 1972).
Por conseguinte, o intelectual que se preza, seja de que seita ou religião for, deve conhecer bem todas as ciências, inclusive, é claro, a Ciência Espírita criada por Allan Kardec, assim como a Sociologia, que foi criada por Augusto Comte.
Agora temos que convir que há duas formas de conhecimento: o empírico e o científico. Assim, quando Kardec declarou que “o Espiritismo se encontra por toda parte, desde a Antiguidade até os tempos atuais” como se lê na introdução do seu Evangelho segundo o Espiritismo era a um conhecimento empírico do Espiritismo (o mediunismo) que ele se referia e não ao conhecimento científico, que só começou com o aparecimento de sua primeira obra “O Livro dos Espíritos”, lançado em abril de 1857. A Umbanda é uma forma de mediunismo.