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EXAMINAI TUDO

O boletim informativo roustainguista “O CRISTÃO ESPÍRITA”, da Casa de Recuperação e Beneficência “Bezerra de Menezes”, em sua edição trimestral abril/maio/junho – Ano XLII – Nº 166, faz, em sua primeira página, uma divulgação do livro “EXAMINAI TUDO”, obra lançada em Franca / SP, durante o V Congresso Jean Baptiste Roustaing. E faz questão de destacar o elogio que Allan Kardec fez ao ler e comentar a obra “OS QUATRO EVANGELHOS” de  Roustaing.

NOSSO COMENTÁRIO     

Realmente, em seu parecer, o Missionário de Lyon, Professor Rivail/Allan Kardec, disse: “É um trabalho considerável, que tem, para os espíritas, o mérito de não estar em nenhum ponto, em contradição com a doutrina ensinada pelo LIVRO DOS ESPÍRITOS e pelo LIVRO DOS MÉDIUNS. As partes correspondentes às que tratamos no EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, o são em sentido análogo” (Ver REVISTA ESPÍRITA, junho de 1866, tradução de Julio Abreu Filho – EDICEL – pág. 188).

Na verdade Allan Kardec, em seu comentário crítico, começou, elogiando a obra que leva o nome de Roustaing. E, para falar francamente, concordo com o que o mestre disse. Todavia, temos que analisar bem as circunstâncias do momento e os motivos que o levaram a dar o seu parecer favorável; temos, enfim, que examinar tudo.

Em princípios de 1861, Roustaing estava iniciando uma fase de convalescença de uma doença prolongada. Aproveitou então o tempo para ler O LIVRO DOS ESPÍRITOS e O LIVRO DOS MÉDIUNS de Allan Kardec. E se tornou espírita convicto, como ele próprio confessor por carta ao Missionário de Lyon, em quem passou a ver um superior hierárquico. Manteve então com ele uma troca de correspondência amigável. Mas, em outubro não foi receber o Mestre que, a convite do Sr. Sabo chegava a Bordéus, para inaugurar a Sociedade de Estudos Espíritas dessa importante cidade francesa, onde vivia Roustaing, considerado então um grande jurista.

Em dezembro, Roustaing foi por duas vezes à casa da médium, Sra. Collignon, que recebia mensagens dos Espíritos dos Evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João, e dos Apóstolos. Numa delas os Espíritos declararam que ele, Roustaing,  tinha que dar ao mundo uma nova Revelação, bem superior à Terceira, recebida por Allan Kardec. Seria mesmo uma “Revelação da Revelação”.

Mas, Roustaing nada comunicou ao Sr. Allan Kardec. Fez tudo à sua revelia. Apesar disso, o Mestre lionês continuava vendo nele o mesmo confrade e amigo de antes.

Foi, pois, tomado de grande surpresa e, ao mesmo tempo de grande decepção que, em junho de 1866, recebeu a obra “Os Quatro Evangelhos” (em três volumes, quando foi lançada), a qual estourou como uma bomba em suas mãos de mestre. Leu, atentamente, como sempre fazia, o que ali estava escrito. E, na verdade, não gostou nada do que leu. Sua primeira reação foi de protesto, de revolta, de indignação. Mas, pensando melhor, não podia abrir o verbo em sua crítica contundente, em seu parecer. Afinal, era alguém que se dizia amigo e espírita que lhe mandava aquele livro. Era alguém que, em Bordéus, gozava de grande conceito e prestígio como advogado. Não podia, portanto, desmoralizá-lo perante o público. Preferiu então agir com tato, com diplomacia, como, aliás, era do seu feitio de professor emérito.

Desta forma, foi logo firme ao declarar que “... o autor (Roustaing), em relação às máximas de Jesus, preferiu seguir um outro caminho que não o nosso. Ao invés de proceder por gradação, quis atingir o fim de um salto. Assim, tratou certas questões, que não tínhamos julgado oportuno abordar ainda e das quais, conseqüentemente, assumiu a responsabilidade (...) mas elas necessitam passar pela sanção do controle universal e até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da doutrina espírita...”

 

Em seu parecer, depois de examinar tudo muito bem, Kardec deixou bem claro que, “... ao lado de coisas boas e verdadeiras, a obra de Roustaing encerra outras, que nos parecem duvidosas. É preciso, por conseguinte, aguardar a opinião da maioria, através do controle universal...”   

 

Portanto, irmãos, “examinai tudo”... 

            E foi para provar que Roustaing estava completamente errado que, em 1868, Allan Kardec lançou ao público sua última obra A GÊNESE, que todos devem ler e estudar a fundo.