“PRECISAMOS, URGENTEMENTE, KARDEQUIZAR O MOVIMENTO ESPÍRITA”
Foi o que disse Nazareno Tourinho, de Belém/PA, grande orador, jornalista , escritor e, sobretudo, polemista espírita, em entrevista concedida a Altamirando Carneiro do “Jornal Espírita” de São Paulo, há onze anos atrás.
Como se trata de um depoimento muito extenso, por falta de espaço, não vamos transcrevê-lo na íntegra. Citaremos apenas alguns tópicos, dos que mais nos despertaram a atenção.
Por exemplo, quando ele diz o que serviu de epígrafe a este artigo e reproduzimos aqui: “Precisamos, urgentemente, kardequizar o movimento espírita brasileiro” e explica porque, acrescentando: “Tem gente que só lê livros que contêm mensagens ditadas pelos Espíritos, deixando completamente de lado as obras básicas da Codificação”.
Outro exemplo é quando ele afirma: “... nossos inimigos continuam existindo (...) estão dentro do próprio movimento espírita”. (Ver “Jornal Espírita”, edição de julho de 1994, pág. 10).
Tem toda a razão nosso confrade Nazareno Tourinho: Precisamos mesmo, urgentemente, kardequizar o movimento espírita brasileiro. E é isto, justamente, que temos ouvido da boca de vários oradores ilustres, estudiosos da Doutrina, em reuniões públicas realizadas em seminários, simpósios, encontros e congressos, como os que são promovidos anualmente pela Comunidade Espírita “A Casa do Caminho” de Juiz de Fora, que tem na presidência a Sra. Isabel Salomão de Campos, e a Associação de Divulgadores do Espiritismo, do Rio de Janeiro, que tem na presidência e na vice-presidência pessoas de grande gabarito intelectual doutrinário, que são o Prof. Sérgio Fernandes Aleixo e o Dr. Américo Domingos Nunes Filho.
E é isso que afirmou o confrade Nazareno Tourinho que também constantemente se lê em periódicos espíritas independentes e de grande responsabilidade para com o verdadeiro Espiritismo, como, sobretudo, em livros famosos como os de Luciano Costa, J. Herculano Pires, Júlio Abreu Filho, Ricardo Machado, Henrique Andrade e Gélio Lacerda da Silva, todos já no plano espiritual.
Mas, perguntamos nós: - Que devemos fazer então para colocarmos em prática aquilo que Nazareno Tourinho e os outros, encarnados e desencarnados vêm pregando com tanto entusiasmo ?!
Em primeiro lugar, achamos que o primeiro passo deve ser dado pelos próprios dirigentes da Federação Espírita Brasileira (FEB), expurgando do artigo primeiro do Estatuto da auto-intitulada “Casa Mater” aquele parágrafo único que estabelece que a obra apócrifa de Roustaing - “Os Quatro Evangelhos” - é complementar às da Codificação Espírita, e, por isso, deve servir de base de estudo e divulgação do Espiritismo, o que não é verdade. Sim, não é verdade, pois o próprio Mestre Allan Kardec, em artigo inserido na Revista Espírita de junho de 1866 deixou bem claro, quando afirmou: “Convém considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam (...), opiniões que necessitam da sanção do controle universal, e, até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da doutrina espírita”. E o próprio Mestre lionês, em seu último livro - “A Gênese” – como vimos anteriormente (ver pág. l ) - veio provar por A mais B que essas explicações contidas no livro de Roustaing não correspondiam à verdade, de acordo com os sublimes ensinamentos dos Espíritos Superiores.
Portanto, - repetimos – o primeiro passo tem que ser dado pelos próprios dirigentes da F.EB, o que só será possível se deixarem de lado o orgulho, a vaidade e, sobretudo a prepotência, e se revestirem do manto da humildade, do bom senso, da lógica e da razão. E, neste ponto, devem seguir o exemplo do Espírito de Bezerra de Menezes, que, anos atrás, pela psicografia de Chico Xavier, determinou: “Kardequizar é a legenda de agora”, que vale como um Decreto-lei.
Mas, voltando ao objeto deste nosso comentário, achamos que está certo nosso companheiro Nazareno Tourinho, quando diz que “nossos inimigos continuam existindo” e “estão dentro do nosso movimento”.
E aqui nos lembramos da figura do célebre Cavalo de Tróia, citado pelo prof. J. Herculano Pires (Ver a primeira parte do Livro “O Verbo e a Carne”, Edições Cairbar – S. Paulo – pág. 5l). De dentro desse grande animal feito de madeira, saíram não só os roustainguistas com o “corpo fluídico” de Jesus, “a concepção milagrosa de uma Virgem” e o “aparecimento de um Jesus-Deus, concebido pelo Espírito Santo, para representar a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade”; mas, saíram também, outros inimigos do Espiritismo: os ubaldistas, os ramatisistas e os laicistas, cada vez mais fortes e bem organizados...
Temos que continuar, unidos e fortes, combatendo esses inimigos. Sim, temos que nos colocar sempre na defesa do verdadeiro Espiritismo: aquele codificado (não fundado) pelo querido Mestre Allan Kardec, sob a assistência e proteção do Espírito de Verdade (Jesus, o Homem de Nazaré).
Mas não devemos também nos esquecer de que os inimigos de fora também continuam nos atacando, como no tempo de Allan Kardec. E esses ataques procedem dos púlpitos católicos, dos templos evangélicos, das academias de ciências e letras e das universidades. Os primeiros teimam em não reconhecer o verdadeiro Cristianismo que o Espiritismo prega, como se vê em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, e vivem dizendo que o “Espiritismo é arte do demônio”. Os demais não reconhecem o Espiritismo como Ciência, tal como foi definido por Allan Kardec, de conformidade com os ensinamentos dos Espíritos Superiores, e, - o que é pior para o progresso do homem e da sociedade -, colocam o materialismo acima do espiritualismo.