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“A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO”

      O confrade Dalmo Duque dos Santos, em artigo publicado com esse título na Revista “Aurora” de Duque de Caxias/RJ, fez um estudo histórico excelente sobre  o Cristianismo Primitivo, deixando bem claro que ele se corrompeu com o tempo por vários motivos, que aponta com muita clareza.

      Em seguida, nos diz que “com o Espiritismo não está sendo muito diferente”, porque “apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec, quanto aos períodos históricos e as tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros, sim, porque, provavelmente, somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos, inimigos ocultos do Espirito de Verdade...” (grifo nosso)

     Prosseguindo em sua argumentação, declara: “Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos, constantemente, aos tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a idéia do ‘amai-vos e instruí-vos” (ensinos do Espirito de Verdade), entendendo-a (...), ora como fortalecimento intelectual, ora como afrouxamento dos valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo (...) vamos, aos poucos, adaptando a doutrina aos nossos limites, corrompendo os textos da Codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus colaboradores, trazendo para os centros espíritas práticas dogmáticas das nossas preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que freqüentamos, e, mais comumente,  a interferência negativa dos nossos caprichos e vaidades pessoais...    (grifo nosso)                 

     “Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e, imitando os grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa idéia de prestígio político; e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das rivalidades, das perseguições aos desafetos, da auto-afirmação e da liderança autoritária, de crítica e boicote às idéias com que não concordamos.

     “E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação, esperando, ingenuamente, que nossas idéias e grupos sejam majoritários, num grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial...

     “... Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram na Sociedade Espírita de Paris, quando ignoramos nossa história, sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes agregadores (...) para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero institucional, comandado por vozes medíocres e ciumentas, figueiras estéreis, sofistas encantadores e improdutivos...” (grifo nosso)

    Após, essa bela explanação de suas idéias, o confrade Dalmo dos Santos pergunta: “- Como podemos evitar esse processo de corrupção, e, em alguns casos notórios, de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para  reconduzir essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer com as más instituições, com os maus dirigentes espíritas, com os maus médiuns, com os maus comunicadores, enfim, com os maus espíritas? Devemos identificá-los e expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los, como fazia a Inquisição com os acusados de heresia?!

     “E o que devemos também fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao movimento espírita? Devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em nossas bibliotecas? Ou devemos deixar tranqüilos que a própria comunidade espírita pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades?

     Concluindo, o Sr. Dalmo declara: “O Espiritismo foi,  certamente, uma doutrina elaborada por Espíritos Superiores e isto nos deixa tranqüilos quanto ao seu futuro. Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos (...) Isso tem nos deixado muito preocupados, pois, sabemos que hoje, os inimigos do Espiritismo estão entre os próprios espíritas” (Dalmo Duque dos Santos, Revista “Aurora”, de Duque de Caxias/RJ).

NOSSO COMENTÁRIO

     Muito bem, Sr. Dalmo, há , realmente, um processo de “degeneração” do Espiritismo, diria  melhor, do movimento espírita brasileiro. Esse processo teve início quando os chamados “pioneiros” criaram a Federação Espírita Brasileira em 1884, instituição que se diz kardecista mas estuda e divulga também o roustainguismo, cujos princípios foram postos abaixo por Kardec em sua última obra “A Gênese”.