“Já nos primórdios de sua história em terras brasileiras, encontramos o Espiritismo influenciado pelos cultos africanos...” (pág. 12)
Esta declaração provocou em mim profunda reflexão. Sim, é verdade! Fiquei dias inteiros “matutando”, como bom mineiro que sou! Levei muito tempo pensando, pensando, pensando, ligando os fatos, examinando situações, comparando uma coisa com outra, até que, finalmente, cheguei a uma conclusão. E peço a você, leitor amigo, que acompanhe o meu raciocínio.
O Espírito Z. (Zéfiro), em sessão realizada na residência do Sr. Baudin, através da mediunidade de sua filha, srta. Baudin, disse a Kardec: “-Terás que voltar para completar o que houveres começado...” (O. P.). Três anos depois, o Espírito de Verdade, em sessão realizada na casa do Codificador, através da mediunidade da sra. Schmidt, confirmando o que fôra dito antes, declarou, claramente: “- Terás que voltar à Terra, para concluir a tua missão ...” (O. P.). Por sua vez, o Espírito do Dr. Demeure, em 1º de fevereiro de 1865, declarou: “- Sou eu quem aqui está, perto de vós, e com o Espírito de Verdade, que me permite falar em seu nome...” (“O Céu e o Inferno”, 2ª parte – cap. 2). E, no dia seguinte, completou: “- De acordo com as minhas observações e com os informes colhidos em boa fonte, é evidente para mim que, quanto mais cedo se der a sua (de Kardec) desencarnação, tanto mais breve reencarnará, para completar a sua obra...” (idem). (Grifos nossos)
Levando em consideração essas declarações tão claras, objetivas, categóricas, explícitas, e, ligando os pontos, associando uma coisa com outra, dentro de um raciocínio lógico, positivo, acabei fazendo para mim mesmo esta pergunta: “- Será que, para completar sua missão, o Codificador não teria então que reencarnar aqui no Brasil, para observar de perto os fatos, os fenômenos desse sincretismo religioso? E, para isto, não teria que ir diretamente à fonte de origem, onde eles aparecem, para fazer, pessoalmente, um estudo profundo de tudo que viu e observou nos terreiros e tendas do chamado “baixo espiritismo”, ou “espiritismo de Umbanda?! Sim, esse mesmo que, em sua pesquisa, Salomão Benchaya reconheceu que “... foi influenciado pelos cultos africanos”, e esse outro que Wantuil de Freitas , Presidente da FEB, descobriu nos terreiros dos pais e mães de santos e classificou como “Espiritismo de Umbanda” ?!...
Esta minha indagação é pertinente, sabem por que, leitores amigos? Simplesmente, porque Chico Xavier, esse famoso médium, que pessoas ilustres, modernos “doutores da lei”, teimam em afirmar que foi a reencarnação de Allan Kardec, fez, certa vez um pronunciamento a respeito desse tema que estamos abordando. Duvidam? Pois então abram a revista “Reformador”, órgão oficial da Federação Espírita (Roustainguista) Brasileira, edição de julho de 1953, pág. 8 e lá vão encontrar o que transcrevo abaixo:
“... simbolizemos o Espiritismo como sendo um Estado. Ora, o Estado é constituído de diversas Províncias ou de diversos distritos. Encontramos em Umbanda uma Província do Espiritismo (...) Assim, não vemos motivo para nos escandalizarmos com as Linhas de Umbanda...”
(Mensagem do Espírito de Emmanuel, transmitida por Francisco Cândido Xavier e gravada pelo Dr. Agnelo Morato ...” (Grifo nosso).
Esse pronunciamento funcionou como faca de dois gumes: de um lado, deu margem à que a FEB roustainguista, confirmando o que havia declarado seu Conselho Federativo Nacional, reunido em 1926, deixasse bem claro: “Os umbandistas são espíritas, sim, porque a Umbanda é Espiritismo, embora não seja doutrina espírita”, declaração esta que só foi corrigida, em janeiro de 1978; do outro lado, deu margem a que um sacerdote jesuíta, (cujo nome não gosto de pronunciar porque sinto logo na boca o gosto de fruto azedo), declarasse em entrevista à imprensa: “- O Espiritismo, seja ele de Umbanda, Kardecista, Macumba, Quimbanda, Candomblé, Xangô, Bento, Gegê-nagô, etc..., apresenta-se com inúmeras modalidades e combinações doutrinárias, ritualístas e terapêuticas com marcadas analogias...” (Ver “O JORNAL” do Rio de Janeiro/RJ, edição de 19 de agosto de 1972 – Seção “IDÉIA NOVA”, pág. 2).
Por sua vez “O GLOBO” de 10 de janeiro de 1978, terça-feira, dizia: “A tentativa de fixar uma unidade doutrinária e ritualística para o culto, iniciada em 1941 com o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda, prosseguiu em 1961 e 1973, com os II e III Congressos. O que se realizou este ano (1978) é o IV e foi promovido pela Cruzada Federativa Espírita de Umbanda, pelo Círculo Espírita Umbandista, pela Congregação Espírita Umbandista do Brasil e pela Confederação Nacional Espírita de Umbanda...” (Grifo nosso)
Ao mesmo tempo, numa das ruas mais importantes de Niterói/RJ, espalhava-se a seguinte notícia, através de panfletos: “ATENÇÃO! MUITA ATENÇÃO!: Encontra-se em Niterói, Irmã Helenilda, espírita benzedeira, para atender a todos que precisarem de sua ciência e de seus trabalhos (...) Seja qual for o seu problema, não fique em dúvida: faça hoje mesmo uma visita ao Centro Espírita de Irmã Helenilda...” (Grifo nosso)
Então, diante de tudo isto que se viu acima, chegamos à seguinte conclusão: se o médium Chico Xavier, que os “doutos” fariseus de hoje, teimam em afirmar, com toda a certeza, ter sido, aqui no Brasil, o prof. Rivail/Allan Kardec, foi assim, equiparando o Espiritismo à Umbanda e os umbandistas aos espíritas, que o Codificador, completou sua obra., sua missão! Um verdadeiro ansurdo!
Agora, o que é mais engraçado em tudo isto é que seu “Apóstolo”, prof. J. Herculano Pires não concordou com ele, dando mesmo a entender, publicamente, que ele (Chico Xavier/Kardec “reencarnado”) estava completamente errado, inteiramente enganado!...
Pode isto?! ...
