CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO DE OUTUBRO DE 1989
Foi, na verdade um grande evento, temos que reconhecer. Mas não foi realizado nos moldes preconizados por Allan Kardec. Por que? A resposta está no convite feito por Francisco Thiesen à comunidade espírita, como se pode ver abaixo:
“Caros Irmãos:
“A Federação Espírita Brasileira, (...) realizará no período de 1 a 5 de outubro de 1989, em Brasília, o II CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO/89.
“Sem caráter deliberativo (Grifo nosso), o Evento constituirá oportunidade para intercâmbio de informações e experiências de entidades e pessoas das diversas partes do mundo sobre a Doutrina Espírita e o Movimento Espírita. Será também um momento para se estreitar os laços de amizade, fortalecendo a união de dirigentes e trabalhadores espíritas, simpatizantes do Espiritismo e demais pessoas interessadas, para a tarefa de ampliar horizontes em demanda de “Uma Nova Era para a Humanidade”, estudando e vivendo Jesus e Kardec.
“Todos são convidados.
Cordialmente,
Francisco Thiesen
Presidente
OBS.: como se vê a preocupação do Presidente da FEB era advertir e prevenir os espíritas para que não levassem para o Congresso temas polêmicos, pois não seria, absolutamente, permitida discussão de espécie alguma. Foi o que ficou bem claro na edição nº 1921 do “Reformador” – Ano 107 – Abril de 1989 – pág. 28.
De acordo com o “Temário”, elaborado pela Comissão Organizadora, aos grandes oradores, que brilham no cenário espírita nacional e internacional, coube a tarefa de expor em suas palestras, quer em sessões plenárias, quer em mesas-redondas os seguintes temas adrede selecionados:
a) A Abrangência do Espiritismo;
b) A Difusão do Espiritismo;
c) A prática do Espiritismo e
d) Temas livres (Trabalhos encaminhados pelos participantes, conforme prévia orientação aos interessados).
Na orientação dada aos interessados em apresentar temas livres, ficou bem claro, logo no primeiro ítem que: “Os participantes poderão encaminhar trabalhos por escrito, desde que sejam compatíveis com os princípios básicos da Doutrina Espírita...” (Revista citada, págs. 28 e 29).
E aí é que está justamente o “x” da questão, porque: “1º) para os febeanos, que estudam e divulgam o roustainguismo, acima da Terceira Revelação, codificada por Allan Kardec, assistido pelo Espírito de Verdade, existe uma “Revelação da Revelação” contida em “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing. E foi, justamente, essa “Revelação da Revelação” que deu a Ismael Gomes Braga, com o aval da FEB, a certeza absoluta de que “o roustainguismo é um curso superior de espiritismo”.
Pela lógica então, a Doutrina Espírita que deveria ser estudada nesse Congresso Internacional de Espiritismo, promovido pela FEB é a de Roustaing, não a de Allan Kardec. Mas não foi o que aconteceu. Por que? Porque ficou bem claro pelo convite que o Presidente da FEB enviou aos seus “Caros Irmãos Espíritas” o II Congresso Internacional de Espiritismo não teria “caráter deliberativo”, e sim, de confraternização entre irmãos espíritas nacionais e internacionais.
Fica, pois, mais uma vez provado que os dirigentes da FEB têm medo da discussão, da polêmica e agem, portanto, como os cardeais do antigo Tribunal da Santa Inquisição, que não admitiam controvérsia de espécie alguma e mandavam para a fogueira os hereges recalcicrantes. O próprio Espírito do Mestre Allan Kardec, quando reencarnado na pessoa de Jan Huss, foi uma das vítimas desse suplício hediondo.
Em conseqüência dessa decisão da Comissão Organizadora não dar o caráter deliberativo ao Congresso realizado em princípios de outubro de 1989, a revista Reformador desse mesmo mês de outubro anunciava “Os Quatro Evangelhos” de J. B. Roustaing, como obra que deveria ser adquirida pelos espíritas, lida, estudada, e sobretudo, divulgada, juntamente com as de Guillon Ribeiro, Manuel Quintão, Antonio Luiz Sayão e Ismael Gomes Braga.
Dois anos e dois meses depois do Congresso Internacional de Espiritismo de Brasília, o REFORMADOR de dezembro de 1990 estampava em fotos coloridas, para chamar bastante a atenção dos leitores, as quatro capas dos quatro volumes de “Os Quatro Evangelhos” ou “Revelação da Revelação” de J. B. Roustaing (pág. 3, verso), destacando os seguintes tópicos:
Precioso Repositório de Verdades Reveladas
A mais completa Interpretação dos Evangelhos, capítulo a capítulo, versículo a versículo.
A genealogia do Governador Espiritual da Terra
A origem do Espírito – A Evolução em linha reta
A maternidade de Maria – Sua nobre missão
A primeira encarnação do Espírito – O porque da reencarnação e outros empolgantes assuntos você vai ler nessa fabulosa coleção.
OBSERVAÇÃO: na revista “REFORMADOR, relativa aos anos de 1989 a 1990, o nome de Divaldo Pereira Franco, grande orador e divulgador do Espiritismo da atualidade, aparece como um dos membros do Conselho Superior da Federação Espírita (Roustainguista) Brasileira. Foi ele quem fez a conferência de encerramento do Congresso, a convite do Presidente da mesa diretora dos trabalhos.
Aliás, uma coisa interessante, que faço questão de registrar: Wilson Garcia, autor do livro “O CORPO FLUÍDICO”, que ataca o roustainguismo, defendido por Francisco Thiesen e Zêus Wantuil na biografia de Allan Kardec, fez questão de comparecer, e, em eloqüente discurso, exaltou o evento, considerando-o “um dos maiores acontecimentos espíritas dos últimos anos”. E elogiou muito também o comportamento dos dirigentes da FEB roustainguista, principalmente, seu Presidente na época: Francisco Thiesen.
Assim, como estamos vendo, a obra de Roustaing, “Os Quatro Evangelhos”, ou “Revelação da Revelação” continua sendo a origem desse “curso superior de espiritismo”, definido por Gomes Braga em seu livro “Elos Doutrinários”
E os kardecistas presentes a esse II Congresso Espírita Brasileiro, realizado em Brasília, omissos e coniventes com os absurdos apontados por Luciano Costa, Herculano Pires, Júlio Abreu Filho, Henrique Andrade, Gélio Lacerda da Silva, e muitos outros, deixaram o salão de reuniões de braços dados com os roustainguistas. Felizes da vida!