ARTUR LINS DE VASCONCELOS E O TRISTEMENTE FAMOSO “PACTO ÁUREO” DE OUTUBRO DE 1949.
A revista “Seareiro”, órgão de divulgação do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” de Diadema/SP, em seu número 80, edição de junho de 2008, inseriu na coluna “Grandes Pioneiros do Espiritismo”, o nome do Dr. Artur Lins de Vasconcelos Lopes, um nordestino natural de Teixeira, cidade da Paraíba, onde nasceu em 27 de março de 1891, filho de família pobre que lutou com muitas dificuldades para criar e educar o filho.
Bem cedo abandonou as agruras do campo, onde trabalhava ajudando os pais, para se tornar um tropeiro e depois um caixeiro viajante. Mais tarde foi para Recife e Olinda, e, posteriormente, para Curitiba, onde se alistou como soldado no 18º Batalhão de Infantaria, sendo logo promovido a Cabo e depois a Sargento.
Ao mesmo tempo em que servia o Exército, fez também o Curso Superior, tornando-se Engenheiro Agrônomo.
Mais tarde, deixou o serviço ativo no Exército e empregou-se num cartório, e, ao conhecer o Sr. Antonio Duarte Veloso, que era espírita convicto, passou a freqüentar a Federação Espírita do Paraná, da qual veio a ser Secretário e depois Presidente.
Sua atuação como líder espírita foi brilhante, temos que reconhecer. Todavia, a nosso ver, houve dois fatos que contribuíram bastante para ofuscar esse brilho.
O primeiro foi ter assumido os compromissos financeiros com a gráfica que imprimia mensalmente o jornal “Mundo Espírita”, criado por Henrique Andrade, o qual foi levado para Curitiba, onde deixou de ser um órgão combativo, polêmico, como queria seu fundador, para se tornar apenas um periódico divulgador de notícias sérias, a serviço da Federação Espírita do Paraná.
O outro fato que, a meu ver, deslustrou sua imagem, foi sua atuação nos acontecimentos ocorridos em princípios de outubro de 1949, que passamos a descrever.
Nesse ano haviam começado os preparativos para a realização do II Congresso Espírita Pan-americano, a realizar-se no Rio de Janeiro entre os dias 3 e 12 de outubro.
Convidado para exercer o cargo de Tesoureiro, Lins e Vasconcelos aceitou e passou a exercer essa função em prol da realização do II Congresso Espírita Pan-americano, patrocinado pela Confederação Espírita Pan-americana e pela Liga Espírita do Brasil, criada em 1926. A FEB foi convidada a participar desse Congresso, mas seus dirigentes se recusaram a comparecer ou mandar representantes.
O Congresso foi aberto, solenemente, no dia 3 de outubro de 1949, no Teatro João Caetano, do Rio de Janeiro/RJ.
Entretanto, ao mesmo tempo em que participava de suas sessões, Lins e Vasconcelos se encontrava também com o Sr. Wantuil de Freitas, Presidente da FEB, e conseguiu levar até ele outros confrades. Todos, juntos, se reuniram no dia 5 de outubro na sede da Federação Espírita (Roustainguista) Brasileira, na Av. Passos nº 30 e realizaram o que ficou, na revista “Reformador”, da FEB e no jornal “Mundo Espírita”, registrado como uma Grande Conferência Espírita.
Aí então foi assinado o que, pela vontade de Lins de Vasconcelos, se convencionou chamar de “Pacto Áureo” pelo qual ficou estabelecido que “cabe aos espíritas do Brasil porem em prática a exposição contida no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, obra ditada pelo Espírito de Humberto de Campos, psicografada pelo médium mineiro, Chico Xavier, publicada pela FEB em 1938 com prefácio do ex-padre jesuíta Manoel da Nóbrega (Emmanuel).
Essa decisão foi mantida pelos que fizeram, em março de 1991 a revisão do Estatuto da FEB em cujo art. 63 do cap. XI consta que “compete ao Conselho Federativo Nacional da FEB fazer sentir a todas as sociedades espíritas do Brasil que lhes cabe pôr em prática a exposição contida no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de Francisco Cândido Xavier”. Sim, repetimos, “de Chico Xavier”, como se o médium mineiro é que fosse o seu legítimo autor e não o Espírito do imortal acadêmico Humberto de Campos, que, na verdade, é o seu autor espiritual...
É no capítulo XXII dessa obra, como se sabe, que consta que João Batista Roustaing foi um dos “coadjutores” particulares de Allan Kardec, designado por uma Assembléia Espiritual presidida “pelo coração misericordioso e augusto do Cordeiro de Deus (o Jesus dos católicos)”.
Aliás, segundo Humberto de Campos (Espírito), foi nessa mesma Assembléia Espiritual que Allan Kardec foi “destacado para vir à Terra, com a tarefa de organizar e compilar ensinamentos que seriam revelados, oferecendo um método de observação aos estudiosos do tempo”.
Que pândega!...