CHICO XAVIER, UM MITO NACIONAL (VI)
A chuva torrencial de livros que o Espírito do padre jesuíta Manuel da Nóbrega (Emmanuel) fez cair sobre a cabeça do Chico, em forma de obras psicografadas, prosseguiu, com mais intensidade ainda, na década de sessenta, dando maior poder econômico à FEB (Roustainguista) que as imprimia e lançava ao público. E ela tinha interesse na venda, porque eram seus os direitos autorais doados que foram pelo médium e não pelos verdadeiros autores espirituais.
Foram, ao todo, trinta e oito obras com os seguintes títulos: Religião dos Espíritos, A Vida Escreve, Almas em Desfile, Seara dos Médiuns, Juca Lambisca, O Espírito da Verdade, Justiça Divina, Cartilha do Bem, Relicário de Luz, Timbolão, Antologia dos Imortais, Ideal Espírita, Leis de Amor, Opinião Espírita, Sexo e Destino, Desobsessão, Contos desta e da Outra Vida, Livro da Esperança, Dicionário da Alma, Trovadores do Além, Palavras de Vida Eterna, Estude e Viva, o Espírito de Cornélio Pires, Entre Irmãos de Outras Terras, Cartas e Crônicas, Antologia Mediúnica do Natal , Caminho Espírita, Encontro Marcado, No Portal da Luz, Trovas do Outro Mundo, E a Vida Continua, Luz no Lar, A Luz da Oração, Orvalho de Luz, Passos da Vida, Estante da Vida, Alma e Coração, Poetas Redivivos...
E não parou aí essa “chuva simbólica de livros psicografados”. Nem poderia parar, porque quem fez o anúncio foi o Espírito do famoso Provincial da Companhia de Jesus, o padre Manuel da Nóbrega, que, no século XVI, a serviço do rei de Portugal, e na qualidade de fiel súdito de Sua Santidade, o Papa, Chefe da Igreja Católica Ocidental, vivia catequizando os indígenas do Brasil, transformando-os em adoradores do Cristo de Deus e da Virgem Maria. Sim, da Virgem Maria, a Mãe Santíssima, que, jovem e bonita, por determinação expressa de um Anjo, entregou seu corpo ao Espírito Santo que a engravidou com a cumplicidade de José, seu marido legítimo.
Na verdade, os sacerdotes da hierarquia romana, sempre gostaram muito de ter multidões à sua volta, não só dentro da igreja, durante as missas, como também fora, ou seja, nas festas e procissões, terrestres ou marítimas, em louvor aos Santos da Igreja de acordo com o calendário católico.
O importante para eles foi, é e será sempre a quantidade e não a qualidade. Isto mesmo: a QUANTIDADE. Sempre foi assim!
Ora, no Brasil, considerado, erradamente, a Pátria do Evangelho, não poderia ser diferente! Não poderia, porque, tanto no tempo da Colônia, como durante o Império, era o Catolicismo a religião oficial do Estado. Depois, com a proclamação da República em 1889, acabou esse privilégio, mas o Crucifixo continuou, e continua, sendo afixado nas paredes das repartições públicas dos três poderes constitucionais: Legislativo, Executivo e Judiciário. Por outro lado, os Bispos e Cardeais sempre são convidados para participarem de atos públicos e grandes solenidades, posando ao lado dos Presidentes da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, além de outras autoridades.
Assim sendo, dentro do movimento espírita nacional, a coisa não poderia ser diferente, já que, para os roustainguistas da FEB, Jesus foi concebido no ventre de Maria por obra e graça do Espírito Santo. Por outro lado, desde a década de vinte do século passado, quem dirige e orienta o movimento espírita é, na verdade, o padre jesuíta Manuel da Nóbrega (Emmanuel), Guia e Protetor do médium Chico Xavier, grande carola, devoto de Nossa Senhora da Abadia.
Além disso, atualmente, exerce também grande poder e influência espiritual o Espírito da religiosa Joana de Angelis, que sempre se manifesta pela mediunidade de Divaldo Franco, grande orador nacional.
Assim, preocupado mais com a quantidade do que com a qualidade, o médium Francisco Cândido Xavier, como nos informa, euforicamente, Oswaldo Cordeiro, do Grupo de Ideal Espírita “André Luiz, “chegava a trabalhar vinte e duas horas por dia”. Passava as noites trabalhando. No dia seguinte, bem cedo, levantava, tomava banho e voltava ao trabalho, sempre muito disciplinado e obediente à orientação espiritual do seu Guia e Protetor, o Espírito do Padre Manuel da Nóbrega (Emmanuel).
Conseguiu assim, pela quantidade, impor-se perante a comunidade espírita brasileira, tendo deixado, ao desencarnar em junho de 2002, quase quinhentas obras além de inúmeras mensagens mediúnicas, que sempre são dadas para leitura e reflexão aos freqüentadores de reuniões espíritas e participantes de Simpósios e Congressos.