CONSCIENTIZAÇÃO ESPÍRITA
No livro do nosso saudoso confrade Gélio Lacerda da Silva, que leva o título acima, lemos o seguinte:
"Cairbar Schutel manteve polêmica religiosa com o Prof. Faustino Ribeiro Junior, (que era protestante), em 1908, surgindo dessa polêmica o livro Espiritismo e Protestantismo. Da 5ª edição (Clarim) do livro de Cairbar, extraímos o trecho abaixo, onde o contendor protestante afirma: Para o espiritismo, Jesus foi um revelador, um iluminado sem natureza humana, uma aparição com corpo fluídico... (págs. 106/107).
"O prof. Faustino baseou-se na obra roustainguista da Federação Espírita Brasileira, para combater o Espiritismo. E quem poderá refutá-lo, quando se sabe que o Espiritismo-cristão da FEB é alicerçado nas teorias de Roustaing, que divergem do Espiritismo contido nos livros de Allan Kardec?
"Às págs. 124 e 126, Cairbar Schutel, ao invés de esclarecer, de início, o Prof. Faustino de que a aparição de Jesus com corpo fluídico é invenção da FEB roustainguista, preferiu ignorar esse fato e se limitou a dizer: Esta afirmação prova mais uma vez que o ilustre moço não leu as obras de Kardec e as está combatendo sem conhecimento e por esporte. E continua Cairbar: No cap. XV de A Gênese segundo o Espiritismo Kardec se define muito claramente e de modo inverso ao que afirma o Professor. É assim que ele diz: Jesus teve, como toda a gente, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que atestam os fenômenos materiais e os fenômenos psíquicos, que lhe assinalaram a vida. Estas palavras são categóricas e nem se lhes pode dar sentido ambíguo. Allan Kardec, ao contrário do que diz o Prof. Faustino, repele a idéia do corpo fluídico.
"Cairbar Schutel transcreve mais um trecho de "A Gênese", em que Kardec se estende em considerações, admitindo que Jesus teve um corpo carnal, sujeito às necessidades da vida humana, e, às págs. 130a 134, Cairbar registra sua própria opinião, de que damos pequena mostra: Nunca deixamos de afirmar que Jesus não tivesse vindo de carne. O que poderíamos afirmar é que o corpo carnal de Jesus deveria ser mais perfeito, de matéria mais purificada (...) Nós julgamos mesmo que Jesus, fazendo alusão à sua morte e depois, às suas aparições, salientou a existência do seu corpo material (carnal), quando disse: se a semente não morrer não pode produzir.
E Gélio Lacerda da Silva prossegue, dizendo: "A igreja católica enfrentou e derrotou a heresia do Docetismo, que, no século V d.C. afirmava que Jesus foi um homem sem corpo físico. Roustaing, contudo, ressuscitou a doutrina docetista nos seus Os Quatro Evangelhos que também estaria extinta, se a Federação Espírita Brasileira não viesse editando os livros de Roustaing e outros (livros) que lhe seguem a orientação ideológica" (Ver Gélio Lacerda da Silva, em "Conscientização Espírita", págs. 68 e 69 Editora EME Capivari/SP).