ofplogo.gif (4994 bytes)REUNIÕES DOUTRINÁRIAS E MEDIÚNICAS
                                   NO CENTRO ESPÍRITA


Essa obra de autoria de Adilton Pugliese, que adquiri no 6º Congresso Espírita de Vitória/ES, nada mais é do que um resumo do trabalho levado a efeito pela Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, constituída dos seguintes confrades: João Neves, José Ferraz e Nilo Calazans. Foi lançada ao público em 2001 pela Livraria Espírita Alvorada Editora de Salvador/BA.

É, realmente, uma obra muito boa e bastante didática, que lemos com muito interesse e que aconselhamos aos leitores para que tirem dela o máximo proveito.

Todavia, coerente com o pensamento kardecista de que tudo deve passar pelo crivo da razão e da lógica, ouso fazer uma crítica ao ítem 4 da pág. 116, que se refere à metodologia e às condições gerais de funcionamento do centro espírita, e, especificamente, ao sub-ítem 4.4 que trata das comunicações espontâneas, em que aparece com grande ênfase o seguinte: "NÃO DEVERÁ HAVER EVOCAÇÕES, NEM DIRETA, NEM INDIRETAMENTE".

Ora, isto foge completamente ao que se lê em "O Livro dos Médiuns", que o próprio Codificador do Espiritismo classificou como sendo um "Guia" não só dos médiuns, mas também dos "evocadores".

Por outro lado, nessa segunda obra básica do Espiritismo, há todo um capítulo dedicado às evocações. É o cap. XXV, que, na 68ª edição da FEB começa na pág. 347 estendendo-se até a pág. 376, portanto um total de 26 páginas. Vai do nº 269 até o nº 285.

Pois muito bem, Allan Kardec, com toda a sua autoridade de grande missionário a serviço do Espírito de Verdade , inicia esse capítulo, dizendo:

"Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso chamado, isto é, vir por evocação", e, num esforço para tornar o seu pensamento mais claro, indiscutível, ele continua: "Pensam algumas pessoas que todos devem abster-se de evocar tal ou qual Espirito e ser preferível que se espere aquele que queira comunicar-se. Fundam-se em que, chamando determinado Espírito, não podemos ter a certeza de ser ele quem se apresente, ao passo que aquele que vem espontaneamente, de seu moto próprio, melhor prova a sua identidade, pois que manifesta assim o desejo que tem de se entreter conosco..." E, para deixar bem claro que não concorda com os que assim pensam, Kardec, em tom de censura, acrescenta:

"Em nossa opinião, isso é um erro"(Ver também o cap. XXVI, nº 287) e mostra porque pensa assim: "... primeiramente, porque há sempre em torno de nós Espíritos, as mais das vezes em condição inferior, que outra coisa não querem senão comunicar-se; em segundo lugar, e mesmo por esta última razão, não chamar a nenhum em particular é abrir a porta a todos os que queiram entrar", e exemplifica, para tornar mais objetivo o seu pensamento: "Numa assembléia, não dar a palavra a ninguém é o mesmo que deixá-la livre a toda a gente e sabe-se o que daí resulta". E conclui, enfático, mostrando o que é certo: "A chamada direta de determinado Espirito constitui um laço entre ele e nós; chamamo-lo pelo nosso desejo (de conversar com ele) e opomos assim uma espécie de barreira aos (Espíritos) intrusos". E, mais enfático ainda:. "Sem uma chamada direta, um Espírito nenhum motivo terá muitas vezes para vir confabular conosco, a menos que seja o nosso Espírito familiar"

Aí está, portanto, o legítimo pensamento de Allan Kardec, que todos são unânimes em reconhecer como sendo ainda a autoridade máxima em matéria de Espiritismo. O próprio Emmanuel (ex-padre jesuíta Manuel da Nóbrega), assim pensa também, pois foi ele mesmo quem disse ao Chico: " – Chico, se alguma vez eu fizer ou disser alguma coisa que não esteja de acordo com o pensamento de Kardec, fique com o que disse Kardec e esqueça o que eu lhe disse", como estamos cansados de saber.

E Kardec foi mais longe, mostrando, no cap. XXVI, quais as perguntas que podem ser feitas aos Espíritos evocados e dizendo que "podemos evocar todos os espíritos, seja qual for o grau da escala a que pertençam" (cap. XXV, nº 274), e mais: "O Espírito superior atende, sempre que o chamam com uma finalidade útil. Só se recusa a comparecer a reuniões de pessoas pouco sérias, que tratam da evocação por divertimento ou por interesses materiais" (Cap. XXV, nº 282, ítem 8).

Ora, no livro que estamos examinando, da equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, o centro espírita, sobre ser "uma célula viva e pulsante, onde se forjam caracteres", se reveste também de outras características, pois é uma escola, uma oficina, um hospital e um santuário. E, como santuário, "se converte em altar de holocausto dos valores morais negativos e de soerguimento das virtudes, em intercâmbio saudável com o pensamento cósmico, mediante a oração, a concentração e a atividade libertadora" (pág. 104).

Embora não concordemos com as expressões "santuário" e "altar" aplicadas ao centro espírita, temos que reconhecer que, neste ponto, há concordância com o pensamento de Kardec, que disse, e deixou bem claro que "é importante que se faça a evocação sempre em nome de Deus" e explica como isto pode ser feito: " – Rogo a Deus Todo-poderoso que o Espírito de fulano (meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo, etc.) se comunique comigo" (cap. XVII, nº 203).

Supõe-se, pois, que num centro espírita sério, que funcione como um verdadeiro "santuário", a que se refere a Equipe Manoel Philomeno, podemos evocar todos os Espíritos até mesmo os Espíritos superiores, que, como o próprio Kardec disse, "atendem sempre que o chamam com uma finalidade útil".

Por que é então que, no Brasil, nos centros espíritas sérios, bem orientados, com dirigentes e médiuns competentes e esclarecidos, com freqüentadores desejosos de aprender a verdadeira Doutrina Espirita, não se evocam os Espíritos, os bons Espíritos, os Espíritos Superiores, que, como disse Kardec, "têm sempre prazer em nos instruir". Por que?, perguntamos nós? É que o padre Manuel da Nóbrega (Espírito) não aconselha esta prática dentro do centro espírita. (Ver Emmanuel, em "O Consolador" (Questões 368-369 e 380 da 11ª edição da FEB). Por que então não se leva este tema para o próximo Congresso Espírita Internacional de 2004 ?

A FEB não permite. Ponto final. Isto não é passível de discussão.

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