FALA O BIÓGRAFO DO CHICO
Num diálogo que teve com um jornalista estrangeiro, que perguntou: “ – Você não pensa em se casar, Chico?”. Este respondeu: “ – Eu, casar? Claro que não”. Insistiu o jornalista, perguntando: “ – Não namora?” E obteve do Chico esta resposta lacônica: “ – Nunca”. E, como o jornalista se interessasse por detalhes, perguntou: “ – Por que?”, obtendo a seguinte resposta do médium de Pedro Leopoldo: “ – Não há razões, não gosto...” (Marcel Souto Maior, em “As Vidas de Chico Xavier” – Edição PLANETA – 2ª. Edição, - Ano 2003, pág. 98).
Prossegue o biógrafo do Chico, dizendo: “ – Uma vez, Chico (incorporado) abriu a boca, numa sessão espírita em Belo Horizonte, falando com voz encorpada, densa, vibrante com ares aristocráticos (...) Uma das espectadoras perdeu a cabeça. Tinha encontrado nele o homem de sua vida.
“A sessão terminou e a moça se agarrou ao braço do médium e não soltou mais (...) Ela queria casar, ter filhos (...) Chico tentou escapulir em tom paternal: “- Minha filha, não tenho programa de casamento (...) Eu já não sou mais homem. Nada posso fazer.
“Naquela época, Chico, um solteirão com fala mansa e gestos femininos, sofria insinuações maliciosas. E recorria a respostas prontas para justificar seu celibato (...) A moça insistia; estava apaixonada pelo médium. Tempos depois, Chico recebeu uma carta educada do pai dela, pedindo-lhe que se casasse com ela...” (op. cit. pág. 113)
Páginas adiante, escreveu o biógrafo do Chico:
“ – Na noite do dia 4 de janeiro de 1959, Chico Xavier bateu a porta de casa e sumiu. Sobre a cama, ainda estendido no cabide, ficou um terno de linho branco (...) Não se despediu de ninguém. Com a roupa do corpo, tomou o rumo de Uberaba / MG (...) E foi morar com Waldo Vieira...” (Obra citada, pág. 146)
E continua o biógrafo do Chico: “ – Nas mesas do Bar Central de Pedro Leopoldo, na esquina da rua onde Chico Xavier morou durante 49 anos (...) o filho de João Cândido Xavier ainda gerava polêmica trinta e quatro anos após sua mudança. (...) Em pleno 1993, os motivos do sumiço repentino de Chico Xavier ainda esquentavam as conversas entre um café e outro. Alguns acusavam o padre Sinfrônio. Muitos jogavam a culpa na família dele. Outros lembravam do escândalo provocado por Amauri Pena. Alguns se culpavam. Podiam ter tratado o conterrâneo melhor, com mais respeito (...) A razão alegada pelo próprio Chico Xavier nem era levada em consideração. Chico jogou a culpa de sua mudança em uma labirintite, iniciada naquele ano... (Obra citada, pág. 147)
E prossegue o jornalista Marcel Souto Maior: “ – Chico se refugiou no meio do mato, a oito quilômetros do centro de Uberaba. Sua casa, que dividia com Waldo Vieira, era um barraco. Quarto, sala, cozinha, banheiro, chão de cimento, paredes sem pintura. Nenhum ônibus passava por ali. Quem quisesse chegar até ele, precisava atravessar o matagal, driblar bois e vacas, pular cercas de arame farpado (...) Chico experimentava a privacidade...” (idem, pág. 149)
“ – Em Uberaba”, diz seu biógrafo, “a chegada do Chico Xavier começou a se espalhar pela cidade (...) Chico Xavier recebeu os visitantes com abraços, sorrisos, café e bom humor (...) As histórias se sucediam e as gargalhadas, também. Waldo Vieira, mais sério, preferia o silêncio e certa distância (do pessoal da cidade)” (Idem, pág. 150)
“Chico Xavier e Waldo Vieira viveram juntos durante muitos anos, viajaram juntos, inclusive, para alguns países. Separaram-se quando Waldo Vieira resolveu ir sozinho para o Japão. Meses depois voltava apenas para arrumar as malas e deixar Uberaba, vindo para o Rio de Janeiro, onde abriu um consultório médico. E aos interessados em saber como se achava o Chico diante desse fato, ele sempre respondia que estava conformado com a separação. E Waldo Vieira, para os interessados em saber o motivo, dizia sempre que já estava cansado de viver com o Chico, que era “tão frágil, tão susceptível, tão chorão...” (Obra citada, págs. 181 e 182).
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Diante disso tudo que se encontra na biografia de Chico Xavier, não é preciso dizer mais nada. Cada um que tire a sua conclusão e pense o que quiser.
Viremos, pois, esta página.