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NOSSO PARECER SOBRE O 2º CONGRESSO ESPÍRITA BRASILEIRO.

 

                Não compareci nesse Congresso. Mostrei-me assim coerente com o que havia afirmado antes: não comparecer. Quem disser que me viu lá em Brasília, no Centro de Convenções “Ulysses Guimarães” ou no Ginásio Nilson Nelson, durante sua realização, nos dias 13 a 15 de abril estará mentindo.

            E por que não compareci? Simplesmente porque ele foi promovido  pela Federação Espírita (ROUSTAINGUISTA) Brasileira, com a colaboração dos representantes das Federativas que formam o seu Conselho Federativo Nacional.

            Não resta dúvida nenhuma de que a FEB é uma instituição legal, com seu Estatuto registrado em Cartório, mas não é legítima. Isto mesmo, não goza de legitimidade, porque estatutariamente falando, há mais de cem anos vem servindo ao mesmo tempo a dois senhores: Allan  Kardec e João Batista Roustaing. Está assim infringindo um dos princípios básicos do Evangelho de Jesus (Lucas, cap. XVI, v. 13) e do Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec (cap. XVI).

            Além disso, no Estatuto da Federação Espírita Brasileira, há, no primeiro artigo, um parágrafo único que diz que ‘a obra Os Quatro Evangelhos de Roustaing é complementar às da Codificação kardeciana’, o que não é verdade, e o próprio Allan Kardec foi o primeiro a deixar bem claro que não admitia isto, de jeito nenhum. Tanto assim que, em seu comentário sobre essa obra, ele disse: “Convém considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas, e que, em todo o caso, necessitam da sanção do controle universal e até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da doutrina espírita”. (Allan Kardec, em “Revista Espírita”, junho de 1866 – EDICEL , pág. 188)

                Temos que reconhecer, a bem da justiça, que o atual presidente da FEB, Sr. Nestor João Masotti, tentou, por meio de uma assembléia geral, suprimir esse “parágrafo único” do Estatuto da FEB, mas não conseguiu, porque o Sr. Luciano dos Anjos, recorrendo à Justiça, conseguiu um Alvará que impediu que esse “parágrafo” fosse discutido por se tratar de “clausula pétrea”, portanto, intocável.  E, pelo que sabemos, continua intocável, figurando como obra complementar às de Allan Kardec.

            Esse 2º Congresso Espírita Brasileiro pode ter sido um grande “show”, um grande espetáculo, capaz de impressionar os que dele fizeram parte. Pelo que nos disseram, o salão estava maravilhosamente enfeitado e bem iluminado, com os alto-falantes bem instalados, de modo que todos podiam ouvir bem o que os oradores falavam. O cartaz alusivo aos 150 Anos do Livro dos Espíritos, muito bem elaborado e colocado na parede de modo a impressionar pela sua beleza e originalidade! A mesa foi composta por altas autoridades, civis e militares e muitos representantes de instituições espíritas. Grandes oradores se apresentaram, cada qual mais eloqüente. O auditório, tanto na abertura como no encerramento do Congresso, estava superlotado e todos os presentes aplaudiam os palestrantes e os números musicais com muito entusiasmo. Divaldo Franco, como sempre, muito carismático, esnobando sua competência de grande tribuno e conhecedor profundo da Doutrina Espírita.

            Pelo que parece, a Espiritualidade Superior também se fez presente, inclusive o próprio Espírito do Missionário de Lyon, o Sr. Allan Kardec. Pelo menos foi o que disse o Espírito de Bezerra de Menezes, pela psicofonia de Divaldo Franco, assim se expressando: “Convidado pelos espíritos- espíritas do Brasil, para que presidisse esse evento, o nobre Codificador aquiesceu e com as falanges do Espírito de Verdade, está conosco...” (Fonte: “Correio Espírita” de maio de 2007, pág. 9)

            Contudo, isto que disse o Espírito de Bezerra de Menezes merece  reflexão de nossa parte.

            Não é de estranhar que Kardec tenha comparecido, pois se tratava de um evento sério com o objetivo também sério de comemorar o Sesquicentenário do aparecimento de O Livro dos Espíritos. E, depois, ele foi “convidado” pelos espíritos-espíritas do Brasil não só para comparecer ao Congresso como para presidir a sessão de encerramento do mesmo. E ele “aquiesceu, ou seja, concordou e quem atende a um convite, de acordo com a ética social, assume o compromisso de se fazer presente.

            Agora, na minha opinião, sincera e franca, o Espírito de Allan Kardec não compareceu a esse Congresso, porque, se tivesse comparecido, não iria permanecer ali como uma simples figura decorativa. Teria feito questão de falar, de se dirigir aos presentes, encarnados e desencarnados, quando mais não seja, para agradecer o convite que lhe foi feito. E, ao usar da palavra, teria sido franco e sincero, dizendo tudo que pensa sobre o nosso movimento espírita, ou seja: que não está caminhando no rumo certo, indicado pelo Espírito de Verdade. Sim, porque tem na sua direção uma instituição roustainguista, que só admite na presidência um roustainguista declarado. Além disso, seu Estatuto continua falso e incorreto, pois mantém no primeiro artigo aquele “parágrafo único” que equipara “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing às obras da Codificação, com o que ele, Kardec, absolutamente não concorda.

            E diria mais o grande Missionário lionês. Diria que o roustainguismo não é um “curso superior de Espiritismo”, como está no livro “Elos Doutrinários” do Sr. Ismael Gomes Braga, publicado pela FEB, cujos dirigentes concordam com essa afirmação absurda. E que ele, Kardec não é roustainguista, como afirmou, levianamente Luciano dos Anjos em seu livro “Os adeptos de Roustaing.

            Diria também que a evocação dos espíritos não pode continuar como um tabu, simplesmente porque Emmanuel disse que não a aconselhava em hipótese nenhuma e o Chico Xavier disse que “o telefone só toca de lá para cá”.

            Diria ainda que seu Espírito reencarnou, sim, como anunciara o Espirito de Verdade, em junho de 1860, mas não no corpo físico do médium Francisco Cândido Xavier, como estão afirmando por aí, apesar de o próprio Chico ter contestado isso.

            No final, ele agradeceria a homenagem que se está prestando à Doutrina Espírita, pelo transcurso do Sesquicentenário da publicação do “Livro dos Espíritos”, sua primeira obra básica.

            Sim, prezados leitores, tudo isto ele teria falado, aproveitando a oportunidade que lhe foi dada de comparecer a esse 2º Congresso Espírita Brasileiro. Jamais permaneceria ali, naquela solenidade, mudo, calado, como uma estátua ou figura decorativa. E ele tinha como se dirigir ao grande público presente, porque ali, naquele amplo recinto do Centro de Convenções de Brasília, havia excelentes médiuns, a começar pelo Raul Teixeira, que psicografou mensagens de Sebastião Lasneau e Camilo e Divaldo Franco que, pela psicografia, nos deu uma mensagem de Joanna de Ângelis e, pela psicofonia, serviu de instrumento para que o Espírito do Dr. Bezerra de Menezes concluisse seu discurso, falando em nome dos Espíritos-espíritas do Brasil, do Espírito de Verdade e do próprio Allan Kardec (?!).

            Por outro lado, se ele, o Codificador, estava também presente naquela solenidade tão bela e significativa, cabia ao Sr. Nestor João Mazotti, ou ao Coordenador do Evento, pedir-lhe esclarecimentos sobre esses pontos polêmicos citados. E temos certeza de que Kardec responderia com a maior boa vontade, porque, em vida, na carne, foi um grande questionador dos Espíritos.

            E nesse caso, nem era preciso que fosse evocado, porque, ele já estava ali, presente, em Espírito, pronto para receber qualquer pergunta e esclarecer a verdade.

            Portanto, para mim, o Espírito de Allan Kardec não esteve presente nesse Congresso tão importante e significativo, em que se comemorava os cento e cinquenta anos do lançamento do seu primeiro livro doutrinário: “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”.

            Enganou-se o Espirito do Dr. Bezerra de Menezes, ao anunciar a presença do único e verdadeiro Missionário da Terceira Revelação, ou foi enganado por algum espírito galhofeiro, que colocou no rosto uma máscara com as feições e o perfil do Mestre lionês, para iludir as pessoas de boa fé.

            Na verdade, acho que tudo não passou de uma montagem, muito comum hoje em dia, para dar mais força aos dirigentes roustainguistas da FEB e aos membros do Conselho Federativo Nacional da FEB.

            Isto é o que eu penso, e gostaria que me provassem, cientificamente, que estou completamente, enganado.