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“O CRIME ORGANIZADO” NO BRASIL

                 Este é o título de um brilhante artigo de autoria do Prof. Celso Martins, do Rio de Janeiro, inserido na “TRIBUNA LIVRE”, da Gazeta “PENSADOR” de João Pessoa/PB.

                Por ter gostado muito do que ele escreveu sobre “o crime organizado”, fiz questão de lhe mandar uma carta elogiosa, apresentando o meu parecer, e, ao mesmo tempo, discordando, inteiramente, do fato de ele ter colocado, no final, o seguinte parágrafo: “Enquanto isto, muitos espíritas discutem se Chico Xavier foi ou deixou de ser Allan Kardec reencarnado...”

                Reproduzo então aqui o que eu disse na carta que lhe escrevi.

                “Prezado confrade.

                “Concordo com tudo que você escreveu sobre o crime organizado. Entretanto, causou-me profunda estranheza o parágrafo em que você critica aqueles que, como eu, discutem se Chico Xavier foi ou deixou de ser a reencarnação de Allan Kardec.

Acho mesmo que, sob este aspecto, você não foi nada feliz, porque  -  não sei com que intenção  -  você encaixou no seu artigo, que aborda um tema social grave, ou seja, o crime organizado, um assunto que só diz respeito aos adeptos da doutrina espírita, os mesmos que, como você, estão também muito preocupados com o destino futuro de nossa querida Pátria. É o meu caso por exemplo.

                Agora, já que você tocou nesse assunto, devo dizer-lhe com toda a sinceridade que, se entrei na discussão desse tema ao qual você e muitos confrades não dão a mínima importância, achando mesmo supérfluo e sem valor doutrinário nenhum, pois não leva a nada, foi, justamente porque quem deu a notícia da reencarnação do Mestre lionês, não foi qualquer espiritozinho insignificante. Não, muito pelo contrário. Foi o Espírito de Verdade (Jesus, o Homem de Nazaré). E se você já se esqueceu disso, o que é bem compreensível, porque a velhice realmente afeta muito a memória de pessoas idosas, vou, se me permite, refrescar-lhe a memória. Pegue, por obséquio, o livro “Obras Póstumas”, onde, na segunda parte, encontrará uma comunicação desse luminoso Espírito, datada de 10 de junho de 1860, através da mediunidade da Sra. Schmidt, em uma sessão espírita realizada na própria casa do Codificador do Espiritismo.

                Trata-se, na verdade, de um diálogo entre Kardec e seu Guia Espiritual. E quem começou esse diálogo foi o Mestre lionês, que estava desejoso de saber o que é que o Espírito de Verdade achava sobre os rumores que corriam de que, em Marselha, o clero católico, tanto nas igrejas como nos seminários, estava estudando, seriamente “O Livro dos Espíritos”. Era esta a preocupação, e, ao mesmo tempo, a curiosidade de Kardec. O Espírito de Verdade confirmou o que estava acontecendo em Marselha, declarando que,  “principalmente a parte esclarecida do clero estuda o Espiritismo, com a intenção clara de encontrar meios para combatê-lo, pois rude será a guerra que pretende mover contra ele”. E, depois de alertar o Mestre lionês contra as ciladas que os sacerdotes católicos iriam armar contra ele, o Espírito de Verdade o incentivou a continuar o trabalho que vinha realizando: “- Prossegue em teu caminho sem temor; ele está juncado de espinhos, mas eu te afirmo que terá grandes satisfações, antes de voltares para junto de nós por um pouco”.

                Muito bem! O diálogo poderia ter parado por aí! Afinal o esclarecimento solicitado por Kardec fôra dado, juntamente com uma palavra de incentivo para continuar a obra que vinha realizando.            

                Acontece, porém, que Allan Kardec, além de educador emérito, era também um verdadeiro cientista, e, como tal, muito interessado em buscar o porquê das coisas, as causas de tudo, dotado de grande perspicácia, Kardec teve sua atenção voltada para as últimas palavras de seu Guia Espiritual, ou seja, “... antes de voltares para junto de nós, por um pouco...” Não se conteve então e perguntou: “ – Que queres dizer com estas palavras por um pouco?”  O Espírito de Verdade então respondeu:  – “Não ficarás longo tempo entre nós (na Pátria Espiritual). Terás que voltar à Terra, para concluir a tua missão, que não podes terminar nesta existência. (...) Ausentar-te-ás, pois, por alguns anos, e, quando voltares, será em condições tais que te permitirão trabalhar desde cedo...”

                Foi, portanto, somente assim que terminou o diálogo entre Kardec e o Espírito de Verdade.

                Acontece, porém, caro Prof. Celso, que Allan Kardec levou muito a sério o que lhe disse esse Espírito de escol (Jesus). Tanto assim que, em nota de rodapé, ele mesmo fez questão de acrescentar o seguinte:  – “Calculando, aproximadamente, a duração dos trabalhos que ainda tenho de fazer, e, levando em conta, o tempo da minha ausência e os anos da infância e da juventude, até a idade em que um homem pode desempenhar no mundo um papel, a minha volta deverá ser, forçosamente, no fim deste século ou no princípio do próximo”. 

                Agora, pergunto: - Se o querido Mestre, Codificador do Espiritismo e criador da Ciência Espírita, deixou-se impressionar, acreditou e levou muito a sério o que lhe disse seu Guia Espiritual, por que nós, humildes e insignificantes adeptos da Doutrina Espírita, não devemos também acreditar e encarar com seriedade o que disse o Espírito de Verdade? Por que?! E o Sr. sabe muito bem, professor,  que observar, comparar, verificar as semelhanças, os pontos comuns, induzir, deduzir, são comportamentos que caracterizam o método científico de trabalho.

                Acho que os dirigentes da FEB,  logo que tomaram conhecimento da mensagem do Espírito de Verdade, deveriam imitar Kardec, acreditando e levando a sério o que  foi anunciado, o que, infelizmente, não aconteceu, conforme deixamos bem claro no número de outubro p.p. do nosso boletim.

                É, portanto,  muito natural que se discuta e tire conclusões, para se saber, ao certo, se foi ou não confirmado o que anunciou o Espírito Guia de Allan Kardec. Eu mesmo fui um que, espontaneamente, entrei nessa discussão, que o senhor e muitos outros consideram “boba”.  Em 1979, ano em que meu pai desencarnou, mandei-lhe pelo Correio um exemplar do meu livro intitulado “EU CONHECI ALLAN KARDEC REENCARNADO”, sem declarar, expressamente, que era meu genitor. O senhor, coerente com seu atual modo de pensar, não deu a mínima importância, apesar de, no final, eu ter deixado bem claro que não estava dogmatizando nada, pedindo mesmo que pesquisassem bem sobre o assunto. Minha intenção, ao lançar essa obra era provocar uma polêmica. E, devo dizer, com satisfação, que consegui meu objetivo, porque, a partir de então, vários confrades ilustres e muitas instituições respeitáveis, passaram a manifestar-se, pró ou contra, inclusive os senhores Zêus Wantuil e Francisco Thiesen (já desencarnado) representantes da chamada “Casa Mater”.

                Acredito que o senhor  gostaria de entrar também nessa discussão; mas, só não o fez, porque, como me disse por carta, considerava-a irrelevante e  não desejava entrar em confronto com vários confrades que discordavam do seu pensamento sobre a reencarnação de Allan Kardec anunciada pelo Espírito de Verdade...

                Para concluir, devo repetir o que disse antes: - “Acho que o senhor não foi nada feliz, encravando no seu artigo sobre “o Crime organizado” no Brasil aquele parágrafo em que, na verdade, menospreza aqueles que, como eu, se envolveram, livre e espontaneamente, nessa polêmica, levando a sério o que disse o Espírito de Verdade e seguindo o exemplo dado por Allan Kardec. Mesmo porque como o senhor sabe muito bem, Allan Kardec nunca foi contra a discussão, muito pelo contrário, e isto ele deixou bem claro na Revista Espírita de novembro de  1858.

                Ilustre professor, hoje, passados já trinta e oito anos que lancei meu primeiro livro “EU CONHECI ALLAN KARDEC REENCARNADO”, volto a declarar, com muita convicção e absoluta certeza: - “EU CONHECI ALLAN KARDEC REENCARNADO”, que, no século XX foi, não um caipira, um matuto, um simplório, um carola, que tinha apenas o curso primário, um tímido e medroso, um efeminado, como o descreveu seu biógrafo, e, sim, um brilhante Oficial de Cavalaria e Engenheiro Militar, Doutor em Matemática e Ciências Físicas, um grande magnetizador como Kardec, filiado à Maçonaria, positivista convicto, antes de ser espírita, militante entusiasta da Doutrina Espírita, ao converter-se, em 1925, quando o Espírito de Erasto, seu “Guia bem amado” se manifestou e fez a revelação de sua identidade e da missão que tinha de desempenhar na Terra, de acordo com o anúncio feito pelo Espírito de Verdade, em 10 de junho de 1860. Seu nome? Pois não: Severino de Freitas Prestes Filho, meu pai, meu mestre. E volto a desafiar aqueles que se consideram verdadeiros espíritas (só kardecistas), que me provem, cientificamente, ou seja, pela evocação do Espírito do Codificador que estou redondamente enganado.  Mas, por favor, não me venham com achismos.               

                Acho,  portanto,  prof. Celso Martins, que, tendo em vista a categoria superior do Espírito de Verdade, e o exemplo que nos deu Allan Kardec, não duvidando do que lhe foi anunciado, o senhor não pode menosprezar, pôr em ridículo aqueles, como eu, que admitem que se deu mesmo a reencarnação do Mestre lionês, conforme foi anunciado.

                (Assinado)                    Erasto, o Pequeno