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“REFLEXÃO OPORTUNA!”

 

                Sob esse título a competente equipe do jornal “Mundo Espírita”, de Curitiba/PR, fundado pelo brilhante confrade que foi Henrique Andrade e  que tem hoje na presidência  Francisco Ferraz Batista, também Presidente da Federação Espírita do Paraná, apresentou  um “Editorial” na edição do mês de janeiro último.

            Não vamos, é claro, transcrever na íntegra essa “Reflexão Oportuna!”. Iremos apenas comentar alguns tópicos que consideramos muito importantes.

            Inicialmente, referindo-se ao Movimento Espírita, eles destacam “as tensões” existentes devido ao “açodamento das discussões”.

            Em seguida, procuram mostrar como devem proceder os descontentes “nesse torvelinho de insensatez e vaidades”. Ao mesmo tempo, fixam as diretrizes que devem seguir, dentro de um questionário por eles formulado, para se saber qual o verdadeiro papel que cabe aos Centros Espíritas.

            Em certo trecho eles destacam a função do Centro Espírita como “escola, hospital, universidade...”               

E concluem sua “Reflexão Oportuna!”, dizendo: “Os responsáveis por decisões nesses ambientes de reconstrução da alma (os centros espíritas) necessitam estar atentos às arremetidas do desequilíbrio, que, vez por outra, se apresenta na forma de desânimo e cizânias. Devem buscar o bom enfrentamento dessas questões sem jamais descuidar do bom-senso que se exala do próprio seio da Doutrina dos Espíritos, estando atento ao conselho evangélico do ‘Vigiai e Orai’.       

     “Portanto, essas reflexões, além de oportunas, são prioritárias, a fim de que não se permita o crescimento de tais absurdos...”

 

NOSSO COMENTÁRIO

 

          Em primeiro lugar é preciso lembrar que Allan Kardec nunca se manifestou contra a discussão, a polêmica. Muito pelo contrário, conforme se lê na Revista Espírita de novembro de 1858, em que fez referência “à discussão séria dos princípios que professava”, ou seja, os princípios contidos nos ensinamentos dados pelo Espírito de Verdade, de cuja gloriosa falange fazia parte o Espírito de Erasto, que, em belas “instruções” mostrou quais eram os verdadeiros e os falsos profetas, encarnados e desencarnados. Ele próprio, Kardec, deu exemplo, pois foi um grande polemista.

            Por outro lado o roustainguismo foi, na verdade, o primeiro grande cisma dentro do movimento espírita, como salientou Gélio Lacerda da Silva, no seu livro “Conscientização Espírita”. O próprio Mestre Henrique Andrade, fundador do “Mundo Espirita”, hoje órgão de divulgação da Federação Espírita do Paraná, foi também um grande polemista, pois, durante muito tempo, manteve uma longa discussão com Frederico Figner, Presidente da Federação Espírita Brasileira, como se vê no livro “A Bem da Verdade, de sua autoria”.

            Os articulistas demonstram levar muito a sério as “tensões” provocadas pelo “açodamento” das discussões.

            É claro e até natural que isto aconteça. Depende muito do temperamento e do modo de discutir de cada indivíduo, mas, sobretudo, do preparo e do conhecimento dos princípios éticos que devem nortear toda troca de idéias entre pessoas civilizadas. Agem mal, por exemplo, os que acham que só eles têm razão, só eles têm direito a expor suas idéias, seus pensamentos, cabendo ao adversário apenas ouvir o que está sendo dito. Ora! Quem não se submete, pacificamente, a esta prática errônea é claro que vai querer usar da força para também poder expor sua opinião, seu ponto de vista. Daí as “tensões”, que geram conflitos.

            Esta é a razão pela qual não concordamos que o Centro Espírita deva ser equiparado a um hospital, porque num hospital é sempre a equipe médica que tem razão e o que os profissionais da Medicina recomendam que se faça é o que tem de ser feito regularmente  

            Também não pode ser considerado uma “universidade”, porque numa universidade existem grupos de pesquisa e de discussão de temas polêmicos que se reúnem pelo menos uma vez  por semana para apresentarem seus pontos de vista e fazerem críticas aos dos oponentes.    

            Nos grupos e centros espíritas isto não acontece, infelizmente! Quem vai a uma reunião pública tem que ouvir calado o que diz o expositor.