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CHICO XAVIER, UM MITO NACIONAL (VII)

 

                A “chuva” de livros que o Espírito do Padre Manoel da Nóbrega, identificando-se como Emmanuel (“Deus conosco”, Mateus, I, 23 e Isaias, VII, 14), fez cair sobre a cabeça do Chico, aumentou de intensidade nos anos setenta do séc. XX, fazendo crescer ainda mais o prestígio pessoal do médium perante a comunidade espírita e o poder econômico da Federação Espírita (Roustainguista) Brasileira, que os publicava e vendia nas livrarias e nos estandes dos Congressos Espíritas.

            Foram as seguintes as obras psicografadas por Chico e vendidas pela FEB: Idéias e Ilustrações – Paz e Renovação – Vida e Sexo – Mais Luz – Trovas do Mais Além – Bênção de Paz – Antologia da Espiritualidade – Rumo Certo – Coragem – Sinal Verde – Através do Tempo – Mãos Unidas – Taça de Luz – Chico Xavier pede Licença – Mãos Marcadas – Natal de Sabina – Escrínio de Luz – Segue-me – Encontro de Paz – Na era do Espírito – Rosas com Amor – Astronautas do Além – Entre Duas Vidas – Retratos da Vida – Jovens no Além – Conversa Firme – A Terra e o Semeador – Chão de Flores – Caminhos de Volta – Busca e Acharás – Amanhece – Recanto de Paz – Deus Sempre – Somos Seis – Tintino, O Espetáculo Continua – Baú de Casos.

                Além disso, foi em 28 de julho de 1971 que Chico Xavier concedeu sua primeira entrevista a Saulo Gomes, repórter apresentador do Programa “Pinga Fogo”da TV Tupi de São Paulo.

Em suma, no final dos anos setenta, Chico Xavier, que nunca escreveu obra nenhuma, pois tudo que foi publicado pela FEB e outras editoras, como sendo de sua autoria, vinha direto dos Espíritos que o assistiam e não do seu cérebro, de sua inteligência, do seu raciocínio. Ele próprio confessou isto ao seu biógrafo, Marcel Souto Maior (As Vidas de Chico Xavier, pág. 46), pois, seus conhecimentos intelectuais, nessa existência, não passavam do nível primário.

 Todavia, para os espíritas brasileiros, ele passou a ser um gênio tipo Balzac ou Eça de Queiroz, um grande escritor, maior mesmo que José de Alencar e Machado de Assis; sim, o maior escritor espírita da Terra de Santa Cruz, abençoada pelo Cordeiro de Deus, como se lê em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, lançado pela FEB em 1938.

            A propósito, a Revista “Mandala” – Ano 4 – Nº 47 – de janeiro de 2008, publicou um artigo de Antonio Videira, intitulado “A MISSÃO ESPIRITUAL DO BRASIL”, tomando por base esse livro de Humberto de Campos (Espírito), e, na pág. 13, depois de fazer um exame retrospectivo da História do Brasil, desde o Descobrimento, conclui, dizendo com entusiasmo: “ - ... sua missão (do Brasil) é desfraldar e encravar, no Coração do Mundo, a flâmula da paz e da compreensão, vivendo harmonicamente, em proveito da vitória de toda a humanidade.

            Eis aí, portanto, a missão do Povo Brasileiro, nascido das entranhas de uma Nação Santificada, reduto do pensamento Crístico que eclodirá neste Terceiro Milênio que está começando” .

NOSSO COMENTÁRIO 

Que enorme erro de apreciação! A mídia hoje prova justamente o contrário!...

            Quanto ao Chico, na verdade, ele não deixou nenhuma obra de sua lavra, de sua inteligência, muito menos de sua cultura. Nunca foi um escritor, muito menor um gênio da literatura espírita, tipo Herculano Pires, Carlos Imbassahy e muitos outros.

 

            Por outro lado, quem conhece bem a História do Brasil, como nós, professores de História, sabe muito bem que até hoje, nossa Pátria nunca foi uma Nação Santificada, muito menos o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho. Entregue em 1500 ao domínio dos jesuítas, o poder central, que sempre esteve nas mãos dos senhores de engenho, dos Capitães Donatários, dos Governos Gerais, sempre escravizou os índios, os verdadeiros donos da terra. E também os negros da África.

 

E mesmo agora, no regime  republicano, em que vivemos, e não existe  mais  a Religião Oficial do Estado, que passou a ser laico, o crucifixo continua afixado nas paredes da repartições públicas; as imagens dos santos continuam desfilando em procissões levadas nos barcos da Capitania dos Portos e nos carros do Corpo de Bombeiros. Todavia, ainda há, sob outra forma, a exploração dos homens e mulheres nas ricas propriedades dos latifundiários. Verdadeiros escravos nas fazendas do Interior!         

                É a exploração do homem pelo homem, do pobre pelo rico!...