CHICO XAVIER, UM MITO NACIONAL (I)
Conforme prometemos em nosso último boletim, tendo em vista que se aproxima a data em que se comemorará, no Brasil e no mundo, o primeiro centenário de nascimento do grande médium de Pedro Leopoldo, apresentamos hoje dados de sua infância e adolescência. Chico, na verdade, “se transformou num mito, venerado e idolatrado” pela comunidade espírita. Diria mesmo, repetindo seu biógrafo Marcel Souto Maior, um “ídolo popular”, um “rei”, tipo Roberto Carlos e Pelé, um “fenômeno”, tipo Ronaldinho. Chegou a ser indicado para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, em 1981
Focalizamos hoje o período entre 1910 e 1927, em que decorreram os anos de sua infância e adolescência. Caravanas de fiéis e curiosos se formavam para ir a Pedro Leopoldo e depois a Uberaba, para receber sua bênção.
Não se pode dizer que foi um escritor espírita porque não deixou nada de sua lavra. Os 412 livros, que publicaram como sendo dele, foram ditados pelo Espírito do padre Manoel da Nóbrega, que apareceu novamente no Brasil sob o pseudônimo de Emmanuel e muitos outros da falange do grande jesuíta. O próprio médium reconhecia isso.
Francisco Cândido Xavier (o Chico), como se sabe, nasceu em Pedro Leopoldo, Município de Minas Gerais em 2 de abril de 1910.
Foi ainda pequeno que deu sinais vivos de sua mediunidade ostensiva. Por isso mesmo seu pai, João Cândido Xavier, e sua madrinha, Rita de Cássia, deram-no como louco, um alucinado, que precisava de um rigoroso tratamento para afastar de seu corpo o diabo. E o trataram “a golpes de vara de marmelo”. Mas nem mesmo o padre Sebastião Scarzello, a quem seu pai e madrinha recorriam sempre, como verdadeiros carolas que eram, conseguia afastar do menino com seu exorcismo, o demônio que se apoderara dele.
Esse sacerdote, bem intencionado, assistido pelo Cordeiro de Deus e a Virgem Maria, prescrevia receitas que o garoto seguia à risca: desfilar em procissões com uma pedra de quinze quilos na cabeça; repetir mil vezes seguidas a ave-maria e o padre nosso; andar de joelhos, fazendo o sinal da cruz, ir sempre à missa, confessar-se, etc. Ele chegou mesmo a lamber três sextas-feiras seguidas, de manhã e em jejum, a perna esquerda de Moacir, seu primo, por indicação de Ana Batista, uma benzedeira ou rezadeira. Chico fez, bastante a contra-gosto, o que lhe foi mandado.
Mas de nada adiantava. Os sintomas de mediunidade ostensiva persistiam, onde quer que ele estivesse: em casa, na vizinhança, na escola, nas ruas e praças publicas por onde ele passava . Todos o viam como um louco varrido que precisava ser internado no hospício.
Aos 9 anos de idade começou a trabalhar como tecelão numa fábrica. Entrava às 3 hs. da tarde e só largava o serviço à uma hora da madrugada do dia seguinte.
Chico foi crescendo assim: trabalhando, comungando, confessando, indo à missa, acompanhando procissões. Mas não tinha namorada, ao contrário dos coleguinhas adolescentes. Não se preocupava com flertes, namoros e namoricos.
Em 1927, uma das irmãs de Chico, Maria Xavier ficou gravemente enferma (ou melhor: obsedada). A situação era tão dramática que João Cândido Xavier resolveu procurar seu amigo José Hermínio Perácio, um espírita que morava numa fazenda, em Curvelo/MG.
Foi aí que, em sessões de estudo do “Livro dos Espíritos” e do “Evangelho segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, veio a conhecer o Espiritismo ou Doutrina Espírita. Foi aí também que veio a saber o que era mediunidade, aplicação de passes, uso de água fluidificada, etc.
Sua irmã, livre do Espírito obsessor, ficou boa. E Chico decidiu então iniciar seu mediunato ostensivo.
Logo que regressou a Pedro Leopoldo, Chico, que era um bom católico, apostólico, romano, voltou à Igreja que frequentava, foi ao confessionário e, ajoelhado diante do padre Scarzello, contou tudo que tinha se passado com ele, deixando bem claro que a partir de então se considerava espírita e ia se dedicar à mediunidade. Ao despedir-se pediu sua bênção.
O padre Scarzello então disse: “ – Seja feliz, meu filho. Vá em paz. Rogarei à Mãe Santíssima para que o abençoe e proteja”.
A partir de então Chico passou a frequentar o Centro Espírita “Luiz Gonzaga”, começando assim sua atividade mediúnica no Brasil.
OBSERVAÇÃO: os dados acima sobre a infância e adolescência do Chico foram extraídos do livro “AS VIDAS DE CHICO XAVIER” de Marcel Souto Maior, lançado pela Editora Planeta – 2ª edição, revista e ampliada – Ano de 2003.